O vírus da gripe aviária do tipo H5Nx foi identificado em 1996, na China, e circula pelo mundo desde 2005. No pico mais recente da disseminação da doença, em 2022, 146 milhões de aves morreram ou foram sacrificadas por causa da contaminação em 84 países, de acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal.
No Ocidente, a situação mais grave foi a dos EUA, onde os primeiros casos de infecção pelo H5N1 de alta patogenicidade foram registrados em janeiro de 2022. Até a semana passada, mais de 169 milhões de aves haviam sido perdidas nas criações americanas. Mais de mil rebanhos leiteiros haviam sido contaminados; 70 pessoas foram infectadas.
Esse brevíssimo panorama sobre a situação da gripe aviária demonstra o tamanho do risco. Nos Estados Unidos, a possibilidade de disseminação de vírus aviários é grande devido ao padrão de migração internacional de aves silvestres, seus hospedeiros naturais. No entanto observadores apontam graves falhas nos controles sanitários americanos.
Os vírus são transmitidos pelo contato entre animais infectados ou por rações e água contaminadas. A doença pode ser propagada por meio de equipamentos e materiais e por comércio e movimentação de aves vivas.
No Brasil, os primeiros casos da variação mais perigosa do H5N1 foram registrados em aves silvestres no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, em maio de 2023; desde então, investigaram-se mais de 2.800 suspeitas de tipos de gripe aviária. Agora, a confirmação em uma criação no Rio Grande do Sul gerou emissão de alertas nacionais e internacionais.
A granja gaúcha foi isolada; aves foram sacrificadas. Os produtos da empresa puderam ser rastreados e destruídos. Ao que parece, está bem estabelecido o protocolo de identificação e contenção do vírus. Havendo suspeita de doença, é preciso notificar um serviço veterinário oficial, que em até 12 horas tem de enviar médico para dar início à investigação e, se for o caso, solicitar exames de laboratório.
Em caso positivo, é declarado estado de emergência sanitária para a região. Animais domésticos e do plantel comercial, além de subprodutos da criação (como ovos) e materiais quaisquer envolvidos na produção não podem deixar a zona de risco.
A atitude das autoridades federais e estaduais tem sido de transparência, e medidas foram tomadas com rapidez. O fato de o país não ter registrado casos mais graves da gripe aviária em duas décadas sugere que os controles nacionais têm funcionado.
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Fonte ==> Folha SP