Minha amada filha passou pela sala, viu a televisão ligada em um jogo de futebol e cantarolou: “Na-na-na-na-na-na-na, na-na-na, na-na-na”. Coloquei de castigo. Limites precisam ser estabelecidos.
Ok, foi um castigo curto. Fiz ela ouvir duas vezes “A Roda”, de Sarajane, hit capaz de tirar qualquer refrão-chiclete de sua cabeça. “Vamos abrir a roda…”
É preciso reconhecer quando todos em sua volta parecem estar certos e, logo, você está errado. Este humilde escriba não acreditou que o Mundial de Clubes fosse despertar o interesse que tem despertado —para além das torcidas dos brasileiros envolvidos.
Por outro lado, é impressionante a quantidade de vezes que os narradores dos canais envolvidos precisam dizer que “o campeonato pegou”. Se pegou tanto assim, por que precisa avisar? Já ouvi mais vezes a frase “o campeonato pegou” do que “na-na-na-na-na-na-na…”.
Mas é preciso dizer que este lado do mundo está muito mais empolgado. Uma reportagem na ESPN de João Castelo Branco, jornalista radicado em Londres (e torcedor do Arsenal, uhu), mostrava o desinteresse da torcida do Chelsea com o campeonato. Torcedores do Flamengo, que derrotou o time londrino, ficaram irritados nas redes sociais com João, que não tem culpa de os “azuis” estarem descoloridos.
Claro que, se o Chelsea chegar a uma hipotética final contra Bayern, City, PSG ou qualquer um, aí, sim, pubs ficarão lotados. O próprio Chelsea é o atual campeão da Conference League, torneio que nenhum time de primeira linha quer disputar.
Aqui, temos comportamento semelhante com a Sul-Americana. Estar na segunda divisão continental significa que o time falhou na temporada anterior. Mas, depois de uma primeira fase ridícula, quem sobra tem que jogar para ganhar.
E, se os europeus não estão levando a sério, ou estão em ritmo de pré-temporada, problema dos europeus. Quem ganhar o campeonato entrará para a história, como o Corinthians entrou ao vencer o Mundial de 2000 —também muito criticado.
Mas o atual Mundial de Clubes —não consigo chamar de Copa do Mundo— está me lembrando muito a Copa do Mundo de 2014 —aquela dos 7 a 1.
Na primeira fase, todos ficaram surpresos com o sucesso americano diante das potências europeias. O auge foi a classificação de Costa Rica e Uruguai na chave que tinha os eliminados Itália e Inglaterra. No entanto, os mata-matas começaram, e terminaram com Alemanha campeã, Holanda em terceiro e Brasil surrado duas vezes.
Agora, o sucesso dos brasileiros está surpreendendo. O Botafogo sofreu a primeira derrota para um europeu contra o Atlético de Madrid. Mas perdeu quando podia, com risco calculado e a vaga no bolso para as oitavas de final.
Porém algo me diz que os danados europeus vão apertar o passo… e o alemão Bayern não sabe brincar nem em pré-temporada.
Este colunista queria apenas mandar um abraço afetuoso a todo torcedor do Vasco. Com as participações até o momento de Flamengo, Fluminense e Putfire, o cruzmaltino deve estar evitando ir às padarias nos últimos dez dias.
Round 38 – Degola nas Férias
Como a coluna não foi publicada na semana passada, não foi possível fazer essa importante atualização que será feita agora: perdemos mais um homem no Brasileiro, o querido argentino Luis Zubeldía não está mais entre nós.
Diz o comunicado oficial que a degola foi “de comum acordo” (quando ambos seguram a espada). Assim, o São Paulo segue na Libertadores sem o técnico, que está invicto há dois anos no torneio. Temos, portanto, 12 sobreviventes desde o round 1 do Brasileiro: Brasileiros 8 x 4 Estrangeiros.
Fonte ==> Folha SP