15 de agosto de 2025

Todo esforço contra a evasão escolar é pouco – 03/08/2025 – Opinião

A imagem mostra três estudantes sentados em mesas em uma sala de aula. Eles estão com a cabeça baixa, aparentemente escrevendo ou estudando. Ao fundo, há uma lousa com texto escrito e um computador em uma mesa. As mesas são verdes e os estudantes vestem camisetas brancas.

Considerando que a evasão é um dos gargalos históricos da educação brasileira, é bem-vinda a notícia de que mais de 300 mil crianças e adolescentes que estavam fora da escola no país voltaram a estudar entre 2017 e 2025.

Tal resgate foi realizado por meio da Busca Ativa, estratégia desenvolvida pela Unicef, em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, que fornece metodologia e ferramentas tecnológicas a governos para identificar e monitorar jovens que não estão matriculados na rede de ensino ou estão em risco de deixá-la.

Mesmo com a iniciativa valorosa, porém, é lamentável constatar que 993,4 mil brasileiros entre 4 e 17 anos seguem longe da escola, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios publicada em 2024 —os matriculados somam 40,4 milhões.

A evasão é um fenômeno multifatorial que pode envolver desinteresse pelos estudos, violência doméstica ou na comunidade, necessidade de trabalhar, discriminação e bullying, gravidez precoce, oferta educacional (falta de vagas, escolas ou transporte escolar) e questões de saúde, como problemas de visão e auditivos.

Uma pesquisa do IBGE de 2019 mostrou que, entre pessoas de 14 a 29 anos com nível de instrução inferior ao ensino médio, os principais motivos alegados para largar os estudos eram a necessidade de trabalhar (39,1%) e a falta de interesse (29,2%) —no estrato feminino, também apareceu a gravidez (23,8%.).

Trata-se de um processo paulatino. Notas baixas produzem o desinteresse, que culmina com as maiores taxas de evasão no ensino médio. Nesse sentido, o modelo de ensino integral, que aumenta a carga horária e tem potencial para melhorar a aprendizagem, precisa ser ampliado no país desde a etapa fundamental.

Um currículo mais focado nas aptidões dos alunos e conectado com o mercado de trabalho por meio do educação profissionalizante, como estipulou a reforma do ensino médio, cumpre a dupla função de tanto estimular a vontade de aprender como a de agilizar a capacitação necessária para a obtenção de um emprego.

O programa Pé-de-Meia, do Ministério da Educação (MEC), que fornece ajuda de custo para alunos de baixa renda cursarem e concluírem o ensino médio, também é iniciativa relevante.

Um problema complexo deve ser enfrentando em diversas frentes e em todas as esferas de governo, para que quase 1 milhão de jovens possam voltar à escola e tantas outros não queiram ou necessitem abandoná-la.

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Fonte ==> Folha SP

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