A transformação digital no setor bancário vive um novo capítulo: o uso estratégico da inteligência artificial (IA) para otimizar processos, melhorar a experiência do cliente e fortalecer a gestão de riscos.
A adoção de modelos preditivos, análise em tempo real e automação de tarefas críticas já é realidade em grandes instituições financeiras brasileiras, acelerando a tomada de decisões e ampliando a competitividade.
De acordo com levantamento da Accenture, mais de 80% dos executivos do setor financeiro no Brasil afirmam que a IA é fator determinante para a inovação de produtos e serviços, enquanto estudo da PwC projeta que a aplicação dessas tecnologias pode adicionar até US$ 15,7 trilhões à economia global até 2030. No setor bancário, a eficiência gerada pela automação inteligente reduz custos operacionais, melhora a precisão de análises e potencializa resultados.
Para Wanderson Aurélio de Lacerda, gerente de TI e Analytics do Banco do Brasil e especialista em IA, a tecnologia deve ser vista como aliada estratégica, e não apenas como recurso técnico.
“O uso da inteligência artificial no setor financeiro não se resume a automatizar processos. Trata-se de gerar inteligência de negócio, transformando dados em decisões que protegem a instituição e fortalecem o relacionamento com o cliente”, afirma.

Wanderson fala com a autoridade de quem liderou projetos premiados, como o modelo preditivo de inadimplência que venceu o BB Data Leaders Challenge 2022, reconhecido pela eficácia na redução de perdas e incremento de receita. “Quando a IA é bem aplicada, ela antecipa cenários e permite agir antes que o risco se concretize. Isso muda completamente a forma como gerenciamos crédito e prevenimos inadimplência”, acrescenta.
A aplicação da IA no setor bancário vai além do crédito. Ferramentas de machine learning e processamento de linguagem natural já auxiliam em áreas como detecção de fraudes, personalização de ofertas e atendimento automatizado via chatbots, capazes de entender e responder em linguagem natural. “O desafio é integrar essas soluções sem perder a humanização do atendimento. A tecnologia precisa somar, não substituir”, pontua o especialista.
Com o avanço regulatório e o amadurecimento das equipes técnicas, a tendência é que a IA se torne parte intrínseca da operação bancária, influenciando desde a análise de grandes volumes de dados até a gestão de carteiras complexas. Para Wanderson, o setor que souber equilibrar tecnologia, segurança e experiência do cliente terá vantagem competitiva clara.
“A inteligência artificial é uma ferramenta poderosa, mas seu valor real está na forma como ela é aplicada para gerar confiança e resultados sustentáveis”, conclui.