15 de agosto de 2025

Alien:Earth acerta e fará mais uma geração ter pesadelos – 14/08/2025 – Luciana Coelho

Alien:Earth acerta e fará mais uma geração ter pesadelos - 14/08/2025 - Luciana Coelho

Em sua crítica a “Alien, o 8º Passageiro”, publicada em 21 de agosto de 1979 na Folha, Orlando L. Fassoni classificou o filme como “insuportável” e “cretinice” cujo “sucesso financeiro é inexplicável”. Avaliou que Sigourney Weaver não sabe interpretar e o diretor Ridley Scott falha em mexer com a fantasia do espectador. Até para o design do monstrão, obra máxima do ilustrador H.R. Giger, sobrou.

O texto só não bate mais baixo do que o do crítico e cineasta Jairo Ferreira, ao lado, para quem a obra é “matéria fecal”.

Pois o sentimento não foi compartilhado por outros críticos, cineastas, premiações ou pelo público. “Alien” é hoje obra seminal da ficção científica de terror, desdobrou-se em franquia, cravou seu lugar na cultura pop e chega a 2025 na forma de série para assustar outra geração Se vivos estivessem, seria interessante ouvir Fassoni e Ferreira sobre “Alien: Earth”, que estreou nesta semana na Star+/Disney.

Escrita e dirigida por Noah Hawley com uma equipe de mais cinco roteiristas e três diretores, a série atualiza o clássico sem traí-lo —ao menos não nos dois primeiros episódios que estão no ar.

Os protagonistas, desta vez, são os jovens irmãos Wendy (Sidney Chandler) e Hermit (Alex Lawther). Wendy é uma androide construída a partir da consciência da garota Marcy (Florence Bensberg), uma paciente desenganada pelos médicos cujas memórias lhe foram transplantadas. Hermit é um médico militar que trabalha para a mesma companhia que desenvolveu Wendy, uma das cinco que dominam a Terra (e o Sistema Solar) num futuro dez séculos adiante.

São eles, com um pequeno grupo de androides, os incumbidos de descobrir o que aconteceu com a nave de uma empresa rival que caiu sem deixar sobreviventes (ou assim se pensa), e o que é exatamente que está dentro dela (sim, leitor, é o monstrão do título e sua prole). Pois vale muito.

A dinâmica humanos versus tecnologia que estava presente no primeiro filme ganha nova relevância diante da discussão atual sobre avanços da inteligência artificial e nossas formas de interagir com ela. O mesmo ocorre com a procura obsessiva pela longevidade.

O fato de os androides serem formatados ainda na infância, com a maturidade de crianças, e depois usados pelas empresas também está na pauta do dia, assim como a concentração de poderes financeiro, político, social e, ao menos na série, bélico com umas poucas empresas de tecnologia (e pensar que a crítica de 1979 achou a ficção fantasiosa e distante demais da realidade).

Há até um “garoto prodígio” (Samuel Blenkin) da programação comandando toda essa revolução.

Ainda há seis episódios para essa atualização dar errado, claro, mas o exibido até agora é instigante e reverente na mesma medida. A direção de arte executou um belíssimo trabalho ao emular elementos do original, e há cenas que são reverência pura ao filme de Scott.

A clássica do monstro babando na cara de uma aterrorizada Ripley (Weaver), agora reencenada com Lawther, está lá. Talvez não com a mesma pungência, fato. Afinal, Sigourney Weaver sabe muito interpretar.

A primeira temporada de “Alien: Earth”, com oito episódios de 60 minutos, estreou dia 12 na Star+/Disney+, com novos episódios todas as terças, às 21h



Fonte ==> Folha SP

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