9 de outubro de 2025

‘Empreendedor mirim’: aos 8 anos, menino cria galinhas, vende os ovos e planeja futuro na agronomia | ASN São Paulo

‘Empreendedor mirim’: aos 8 anos, menino cria galinhas, vende os ovos e planeja futuro na agronomia | ASN São Paulo

Empreendedor mirim se destaca vendendo ovos e reinvestindo no próprio negócio (Foto: Arquivo Pessoal)

Decidir qual carreira seguir pode ser um desafio. Ainda na infância, a questão sobre “o que vai ser quando crescer” é frequente. Entre astronautas e princesas, algumas crianças já estão bem decididas sobre o que querem para o futuro. É o caso de Gustavo José Mandro, de 8 anos, morador da zona rural de Piracicaba, que se tornou um “empreendedor mirim” ao criar galinhas, vender os ovos e reinvestir o lucro para expandir seu “negócio”. O que começou como uma brincadeira o levou a planejar um futuro na área.

Embora faça parte do programa, a iniciativa empreendedora vem bem antes disso – desde que tinha dois anos. Nessa época, ele ganhou a primeira galinha da família. A quantidade foi aumentando com o tempo e os avós, que já vendiam os ovos da própria criação, começaram a vender os das galinhas do neto. O menino, então, passou a juntar cada vez mais dinheiro e reinvestir os valores para comprar aves de raças diferentes, realizar melhorias no galinheiro e alimentar os animais.

Gustavo com parte da sua criação de galinhas (Foto: Arquivo Pessoal)

Hoje, ele tem uma “sociedade” com a irmã mais nova e a avó – que também ajudam a cuidar dos animais. “Eu gosto muito. Eu vendo para vizinhos, parentes, professores, coordenadora, diretora… Eu ofereço os ovos e agora já tenho até encomendas”, conta. Quando fala sobre os planos para o futuro, Gustavo afirma que pretende continuar com sua criação, mas sem deixar os estudos de lado: “Quero ser agrônomo, estudar na Esalq [Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz].”

Para isso, ele já começou a pesquisar e aprender tudo sobre a área em que quer atuar. Mesmo tão novo, ele já sabe as raças das galinhas que tem, as que quer ter, e as diferenças entre cada uma delas. Também ajuda a preparar a alimentação delas e pesquisa sobre variações de preços, que impactam na ração e, em consequência, no preço dos ovos. “Eu aprendo com meu avô e minha avó e no Google”, explica.

Brincadeira de criança

Hoje, aos quase 9 anos de idade, Gustavo tem cerca de 80 aves de 23 raças diferentes. Uma criação impressionante e que mostra a sua dedicação aos animais. Boa parte desses, ele nomeia em homenagem às pessoas que convive: “Ou elas pedem ou eu coloco para provocar, e aí vira uma brincadeira. Tem a Adriana [diretora da escola], tem minha prima, minha irmã.”

“É natural, porque a gente mora no sítio. Ele nasceu no meio e foi gostando cada vez mais. Ele sai com o avô, que compra porco, galinha, bezerro… E até negocia junto”, conta a mãe, Dayane Cristina Nascimento Mandro. Ela incentiva a veia empreendedora do filho, mas sempre reforça a importância de estudar e, claro, continuar brincando como toda criança. “No celular, o jogo que ele gosta é de maquinário, de trator, de fazenda… E de brincar de fazendinha com a irmã e jogar futebol com o avô.”

Gustavo com a diretora da escola, Adriana Vargas Mendes Janousek, durante a Feira do JEPP (Foto: Arquivo Pessoal)

E a rotina dele é cheia: “Cada coisa tem um tempo para ser feita. De manhã eu vou na escola. Quando eu chego em casa, descanso. Depois eu faço a lição, brinco com minha avó ou jogo bola com meu avô. Aí nós tratamos a criação.” Além das galinhas, ele ajuda os avós a cuidarem dos outros animais do sítio.

Gustavo leva sua rotina a sério e se dedica muito, para que no futuro possa realizar seu desejo de ser engenheiro agrônomo. Para além da graduação, ele já planeja o que vai fazer depois de formado: “Quero trabalhar com cana-de-açúcar. Vou ficar um ano trabalhando na cooperativa. Depois eu vou para o Mato Grosso, quero ficar uns cinco anos lá e depois ir para os Estados Unidos. Lá as máquinas são mais automatizadas, para trabalhar na agricultura eu prefiro lá”, completa.

Jovens Empreendedores Primeiros Passos

Em Piracicaba, são 41 escolas que aderiram ao programa, com 10,3 mil alunos ao todo. A Escola Municipal Professor Manoel Rodrigues Lourenço, onde Gustavo estuda, é uma delas. Ele já participou do JEPP em 2023 e agora em 2025. “Aprendi sobre empreendedorismo e sobre brinquedos de materiais recicláveis”, conta.

Gustavo sonha em estudar na Esalq, trabalhar com cana-de-açúcar, adquirir experiência no Mato Grosso e depois trabalhar na agricultura nos Estados Unidos (Foto: Arquivo Pessoal)

“Ao longo das aulas, as crianças têm a experiência de vivenciar os comportamentos empreendedores, confeccionar produtos ou elaborar um projeto e realizar a Feira do JEPP, que é o momento de apresentar todo o trabalho realizado”, explica Vivian. “Com a história do Gustavo nós vemos a importância de cada vez mais incentivar que as crianças sejam protagonistas das próprias histórias, tenham independência, autoconfiança e comprometimento”, completa.

A Feira do JEPP na escola onde Gustavo estuda foi no dia 27 de setembro e, na ocasião, ele teve um espaço separado para que pudesse apresentar sua história para a comunidade escolar, com cartazes e fotos. “Ele sempre foi comunicativo, mas ele está mais confiante depois da feira, mais seguro. Ele quer contar para os outros sobre a criação, falar o que gosta de fazer… A gente tornar isso importante fez a diferença”, afirma a diretora da escola, Adriana Vargas Mendes Janousek.



Fonte ==> Sebrae

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