A Gol Linhas Aéreas Inteligentes S.A. (GOLL54) anunciou nesta segunda (13) que seu Conselho de Administração aprovou a incorporação da própria companhia e da Gol Investment Brasil S.A. (GIB) pela Gol Linhas Aéreas S.A. (GLA), controlada integralmente pela Gol. O movimento faz parte de um plano de reorganização societária que resultará na saída do nível 2 da Bolsa de Valores de São Paulo (também chamado de B3).
Segundo comunicado ao mercado, a incorporação tem como objetivo “simplificar a estrutura corporativa, reduzir custos e buscar sinergias operacionais e financeiras dentro do grupo”. Com a operação, a GLA passará a concentrar as atividades e sucederá integralmente a Gol e a GIB em seus direitos e obrigações.
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Oferta pública e saída da B3
Com a reorganização, a GIB, atual acionista controladora, fará uma oferta pública de aquisição (OPA) para a saída do Nível 2, conforme exigido pelo regulamento da B3 e pela Resolução CVM 215/2024. A oferta será direcionada aos acionistas minoritários titulares de ações preferenciais da companhia.
A operação está sujeita à elaboração de um laudo de avaliação econômico-financeiro, que será conduzido por empresa especializada a ser escolhida em assembleia de acionistas preferencialistas marcada para o dia 4 de novembro de 2025.
A Gol informou ainda que, caso o valor total a ser pago na OPA ultrapasse R$ 47,25 milhões, a GIB poderá optar por não lançar a oferta, o que inviabilizaria a efetivação da incorporação.
Impactos para os acionistas
Após a operação, os acionistas da Gol passarão a deter ações ordinárias da GLA — que não pretende se tornar companhia aberta nem listar suas ações na B3. Isso significa que os investidores que permanecerem na empresa terão ações sem liquidez e fora das regras de governança do Nível 2.
“Nos termos do Parecer de Orientação CVM 35, o Conselho de Administração da Companhia aprovou a constituição do comitê independente da Companhia, formado exclusivamente por conselheiros independentes, para negociar os termos e condições da incorporação e a relação de troca dali decorrente”, disse a aérea no texto do comunicado.
A Gol reconhece que há risco de perda de liquidez e de governança corporativa, já que a GLA, como empresa de capital fechado, não estará sujeita às mesmas exigências de transparência e direitos assegurados aos acionistas minoritários.
Contexto da operação
A incorporação ocorre após o processo de capitalização de mais de R$ 12 bilhões aprovado em maio, no qual a controladora GIB passou a deter cerca de 99,97% das ações ordinárias e 99,22% das preferenciais da Gol. Com isso, o free float da companhia caiu para apenas 0,78%, abaixo do mínimo exigido pela B3 para manter-se no Nível 2.
A bolsa havia concedido prazo até janeiro de 2027 para reenquadramento da Gol às regras de governança, e até janeiro de 2026 para que as ações preferenciais voltassem a ter cotação mínima de R$ 1,00. A empresa decidiu, portanto, optar por uma reestruturação completa e saída do segmento.
Gol e seus próximos passos
As assembleias gerais extraordinária e especial de preferencialistas estão marcadas para 4 de novembro de 2025, quando serão votadas a incorporação e a definição do avaliador da OPA. Após a liquidação da oferta e o prazo de recesso aos acionistas dissidentes, a incorporação será implementada.
A companhia comunicou ainda que descontinuará a divulgação de projeções financeiras (guidance) em razão das mudanças estruturais.
Sobre a Gol
Fundada em 2001, a Gol Linhas Aéreas é uma das principais companhias aéreas do Brasil e integra o Grupo Abra. A empresa opera uma frota de 141 aeronaves Boeing 737 e mantém parcerias com American Airlines e Air France-KLM.
Fonte ==> Gazeta