25 de outubro de 2025

Nutrição funcional e economia da saúde o impacto da ciência alimentar na produtividade e no bem-estar nacional

A saúde pública brasileira enfrenta um desafio silencioso e persistente: a má alimentação. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 60% das doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes e hipertensão, estão relacionadas a hábitos alimentares inadequados. O impacto econômico desse cenário é significativo, representando bilhões de reais em custos anuais para o sistema de saúde e para a perda de produtividade no país.

Nos últimos anos, a nutrição funcional e esportiva tem se mostrado uma das principais aliadas no enfrentamento desse problema. Mais do que promover estética ou performance, a ciência alimentar contemporânea passou a atuar como ferramenta de prevenção, equilíbrio e longevidade. A mudança de hábitos e o acompanhamento nutricional adequado podem reduzir em até 40% o risco de doenças metabólicas, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde.

A nutricionista Amanda Hypólito Fernandes, especialista em nutrição esportiva funcional e fisiologia do exercício, explica que a alimentação está diretamente ligada ao desempenho humano, tanto físico quanto cognitivo. “Quando falamos em nutrição, falamos de energia, foco e saúde. A produtividade de um profissional ou atleta depende da forma como ele nutre o corpo e a mente. Não é apenas sobre comer bem, mas sobre viver bem”, afirma.

Com mais de uma década de experiência e atuação em equipes multidisciplinares, Amanda observa que a nutrição funcional vem se consolidando como uma estratégia de saúde pública e de crescimento econômico. A valorização da alimentação equilibrada estimula o mercado de alimentos naturais e suplementos esportivos, que movimenta mais de 15 bilhões de reais por ano no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (ABIAD).

Esse crescimento também reflete a maior conscientização da população sobre a importância da alimentação para a qualidade de vida. De acordo com o IBGE, o número de brasileiros que praticam atividade física regularmente aumentou 24% na última década, impulsionando a procura por acompanhamento nutricional especializado. O aumento da demanda por nutricionistas e coaches de saúde também impulsiona o setor de serviços e a economia da saúde.

Para Amanda, o avanço da nutrição científica e humanizada tem impacto direto na sociedade. “Quando a pessoa aprende a se alimentar de forma consciente, ela melhora o humor, o sono, a disposição e até a capacidade de concentração. Isso se reflete no trabalho, nos estudos e nas relações pessoais. O alimento é o primeiro remédio”, explica.

Sua atuação com atletas de alta performance, incluindo integrantes da Seleção Brasileira de Rugby Paralímpico, reforça a visão de que a alimentação é determinante para o rendimento físico e emocional. “A nutrição não é apenas um suporte para o esporte, é o que sustenta a superação. Cada estratégia alimentar é pensada para respeitar o corpo, a rotina e as emoções de quem a segue”, comenta.

O fortalecimento do setor também tem impulsionado a inovação. Startups brasileiras vêm desenvolvendo tecnologias voltadas à nutrição personalizada, com o uso de inteligência artificial e análise genética para identificar padrões metabólicos e necessidades individuais. Essa tendência, segundo Amanda, reflete uma revolução silenciosa no modo como o país enxerga saúde. “A personalização é o futuro. Cada pessoa tem um corpo e uma história únicos. Quando o tratamento considera isso, o resultado é mais duradouro e sustentável”, observa.

Além dos benefícios à saúde individual, a expansão da nutrição funcional tem potencial de gerar impacto econômico positivo em escala nacional. A Organização Pan-Americana da Saúde estima que cada real investido em prevenção por meio da alimentação saudável representa até quatro reais economizados em tratamentos de doenças crônicas.

Para Amanda Hypólito Fernandes, a educação alimentar e o atendimento humanizado devem ser prioridade em políticas públicas. “O país precisa investir em programas que unam educação e nutrição. Ensinar as pessoas a se alimentar é garantir um futuro mais produtivo e equilibrado. É um investimento em saúde, em economia e em humanidade”, conclui.

A nutrição funcional, antes restrita a consultórios e atletas, assume agora papel estratégico no desenvolvimento do país. O alimento, tratado com consciência e ciência, deixa de ser apenas sustento para se tornar um agente de transformação social e econômica.

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