1 de novembro de 2025

O papel das pequenas indústrias na geração de empregos e no desenvolvimento regional do Brasil

As pequenas e médias indústrias brasileiras têm desempenhado um papel cada vez mais relevante na geração de empregos e na dinamização econômica das regiões. Segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), esse segmento é responsável por cerca de 30% do PIB industrial e representa mais de 60% dos postos formais de trabalho do setor. No entanto, o impacto dessas empresas vai além dos números: elas são as principais promotoras do desenvolvimento local, levando oportunidades e estabilidade a cidades médias e pequenas em todo o país.

Para a gerente administrativa Laudiceia de Oliveira Silva,  o sucesso das pequenas empresas está diretamente ligado à forma como elas são administradas. “A gestão é o motor que impulsiona o crescimento. Quando há organização, planejamento e cuidado com as pessoas, o impacto é sentido não apenas dentro da empresa, mas em toda a comunidade”, afirma.

O caso da empresa em que Laudiceia trabalha é um exemplo de como a gestão estruturada pode transformar realidades regionais. Quando ingressou na organização, a indústria tinha apenas cinco colaboradores e operava com processos totalmente manuais. Com o tempo, a implantação de um sistema de gestão, a criação de departamentos e a expansão para duas novas unidades geraram mais empregos e movimentaram a economia local. “Cada nova filial representa novas oportunidades. Desde o fornecedor de matéria-prima até o comércio ao redor, o crescimento de uma indústria reverbera em toda a região”, explica.

Essa capilaridade econômica das pequenas indústrias é uma das forças do setor. O avanço da profissionalização administrativa e a busca por eficiência operacional têm permitido que negócios familiares se consolidem, sem perder a proximidade com clientes e colaboradores. Laudiceia destaca que o segredo está em crescer com equilíbrio. “O desafio é expandir sem perder a essência. Quando a empresa valoriza o relacionamento humano, ela cria laços duradouros com seus funcionários e com a comunidade”, observa.

A digitalização e a adoção de tecnologias de gestão também têm impulsionado a competitividade das pequenas indústrias. Estudos do SEBRAE mostram que empresas que investem em sistemas de controle e automação aumentam sua produtividade em até 20% e reduzem desperdícios. No entanto, para Laudiceia, a tecnologia deve ser vista como ferramenta de apoio, e não como substituto do fator humano. “Os sistemas ajudam a organizar o trabalho, mas são as pessoas que dão alma à empresa. Nenhuma inovação é eficiente sem uma equipe comprometida”, comenta.

Além de promover emprego e renda, as pequenas indústrias exercem um papel social fundamental. Ao fortalecer as cadeias locais de produção e consumo, elas geram um ciclo virtuoso de desenvolvimento. “Uma indústria que cresce de forma saudável ajuda a desenvolver o entorno, incentiva o empreendedorismo e movimenta setores como transporte, comércio e serviços. É um impacto que vai muito além das suas paredes”, destaca a gestora.

O setor alimentício, em especial, tem grande relevância nesse cenário. Ele é responsável por uma parcela significativa das exportações brasileiras e está entre os que mais crescem no país. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), o setor registrou faturamento superior a 1 trilhão de reais em 2023, com alta de 8,5% em relação ao ano anterior. Boa parte desse resultado vem da atuação de pequenas e médias empresas, que compõem a base produtiva e garantem o abastecimento nacional.

Laudiceia reforça que o crescimento das pequenas indústrias precisa ser acompanhado de responsabilidade e de uma visão de longo prazo. “Expandir é importante, mas a sustentabilidade do negócio depende de como tratamos as pessoas, de como gerimos os recursos e de como nos adaptamos às mudanças. O sucesso está na constância e no propósito”, afirma.

O fortalecimento do setor industrial de pequeno porte é também uma oportunidade para descentralizar o desenvolvimento econômico do Brasil, concentrado nas grandes capitais. A criação de polos industriais regionais e o incentivo à gestão profissional podem transformar municípios em centros produtivos e inovadores. “As pequenas indústrias são o elo entre a economia nacional e a vida cotidiana das pessoas. Elas estão mais próximas das comunidades e entendem melhor suas necessidades”, analisa Laudiceia.

O exemplo de profissionais como ela mostra que o crescimento econômico e o impacto social caminham juntos quando há gestão responsável e visão estratégica. Em um país que busca alternativas para diversificar sua economia e reduzir desigualdades regionais, as pequenas indústrias surgem como protagonistas silenciosas, negócios que crescem com planejamento e que fazem do trabalho uma ferramenta de transformação coletiva.

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