A empresa de tecnologia e rastreamento Ituran Brasil desenvolveu uma caixa-preta para frotas. Semelhante à ferramenta disponível em aeronaves, o equipamento registra os segundos que antecedem e sucedem um acidente.
Um dos objetivos da empresa é ampliar o alcance de seu produto, que seria oferecido no varejo como uma forma de reduzir os valores dos seguros. Uma das opções é o aplicativo Fleet-IQ, que registra como o motorista está dirigindo e, por meio de scores, mostra seus pontos fortes e fracos ao volante.
Por exemplo: se o condutor freia bruscamente com frequência por não manter a distância correta do carro que segue à frente, sua nota será baixa nesse quesito e ele será orientado sobre a necessidade de mudar a forma de guiar.
“O aplicativo reúne informações críticas sobre comportamento de condução, alertas de manutenção, rotas, desempenho de motoristas e segurança em tempo real, permitindo decisões mais rápidas e assertivas, mesmo fora do escritório”, diz o material de divulgação do serviço direcionado para frotistas.
A tecnologia, contudo, tem equipamentos físicos que precisam ser instalados no veículo, o que gera custos. Há também o pagamento de um serviço de assinatura, que inclui o monitoramento do veículo, a geração de relatórios técnicos e a emissão de alertas automáticos para acionar o gestor da frota e centrais de emergência para socorro em caso de colisão.
A Ituran acredita ser possível trazer parte desses recursos para os carros de passeio, o que possibilitaria a elaboração de apólices de seguro com menor custo para bons motoristas. Por outro lado, os custos poderiam ser elevados para aqueles que, ao se submeterem ao monitoramento, apresentem um modo de dirigir com maior exposição ao risco.
Outra preocupação é a forma como as seguradoras utilizariam a ferramenta de monitoramento, que poderia até se tornar uma exigência em alguns casos. Os dados disponíveis podem, sim, ser um recurso em prol da segurança, mas a tecnologia traz questões que precisam ser observadas.
Ao cruzar dados estatísticos sobre roubo e furto de veículos por região —a própria Ituran desenvolveu um mapa de calor com os locais de maior risco na Grande São Paulo—, os donos dos automóveis poderiam se deparar com aumento do valor da apólice de um ano para o outro por terem circulado por áreas consideradas perigosas. Tais regiões podem mudar de tempos em tempos, o que geraria um sobe-e-desce de custos.
Outra questão envolve a privacidade do usuário, já que a coleta de dados pode entrar em conflito com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais).
A Ituran tem sido cautelosa sobre o futuro de sua caixa-preta automotiva e ainda não definiu um prazo para ampliar o serviço.
Fonte ==> Folha SP


