O escritor, ambientalista e defensor dos povos indígenas Ailton Krenak é o mais novo doutor honoris causa da Universidade Federal da Bahia (Ufba). A cerimônia aconteceu no Salão Nobre da Reitoria, na terça-feira (23), que permaneceu lotada nas mais de duas horas e meia do evento.
Ao som de cantos indígenas, Krenak dançou em ritual no palco da Reitoria para iniciar o discurso. Segundo ele, o mundo corre perigo ao comercializar o solo. “Precisamos pisar suavemente na terra. Precisamos aprender a tratar nossa mãe com o que ela nos dá de amor. A Terra não é mercadoria”, afirmou. O público aplaudiu de pé.
Para Miguez, o título é um reconhecimento merecido pelos povos originários. “Você abre uma fila que precisa ser cada vez mais longa e mais bem acolhida entre nós”, desejou o reitor, ao mencionar que esta é a primeira concessão a um integrante de etnia indígena.
A mesa do evento teve o reitor Paulo Miguez, o vice-reitor Penildon Filho, o diretor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos da UFBA (IHAC), Luís Augusto Vasconcelos da Silva, além de Felipe Milanês e Messias Bandeira, ambos docentes do IHAC. Milanês foi o propositor do título.
Presente ancestral
Nascido na etnia Krenak, em 1953, no Vale do Rio Doce (MG), Ailton Alves Lacerda publicou obras de referência como “Ideias para Adiar o Fim do Mundo” (2019) e “A Vida Não é Útil” (2020).
Um dos maiores defensores dos direitos indígenas no Brasil, o autor notabilizou-se pela coordenação do movimento social Aliança dos Povos da Floresta, que desde 1987 reúne povos indígenas e seringueiros.
Krenak já teve o reconhecimento internacional com as honrarias Cavaleiro da Ordem Nacional da Legião de Honra (França, 2024), e Prince Claus (Holanda, 2022). Em 2023, foi eleito imortal da Academia Brasileira de Letras.
É também doutor honoris causa pela Universidade de Brasília (2022) e pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2016). Recebeu o Prêmio Juca Pato de Intelectual do Ano em 2021.
Fonte ==> Brasil de Fato