O ano deve fechar com queda nos preços dos alimentos básicos no campo, mas com alta para os que conseguiram manter um bom ritmo de exportações, como soja e carnes. No setor de hortifrútis, devido ao clima menos severo, os preços caem.
Um dos líderes em queda é o arroz. A saca do cereal foi negociada, em média, por R$ 72,5 neste ano no Rio Grande do Sul, 36% a menos do que em 2024. Produção recorde de 12,8 milhões de toneladas e exportações menos favoráveis, devido à queda de preços externos e ao abastecimento internacional voltando ao normal, seguraram as exportações brasileiras.
O feijão recua 2% em relação a 2024, quando comparados os valores de negociação em Itapeva (SP). Os preços praticados no campo citados pela coluna são do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
Boa parte dos hortifrútis também perdeu preços neste ano, devido à melhor oferta propiciada pelo clima. Cebola e batata tiveram quedas de 65% e 62%, respectivamente. A alface recuou 9%, mesma tendência de banana e laranja. Esta última, após a forte aceleração de 2024, devido ao baixo estoque mundial de suco e a ocorrência de doenças nos laranjais das principais regiões produtoras, perdeu 28% do preço no Brasil neste ano. O mamão seguiu caminho contrário e subiu 52% nas áreas produtoras, mesma tendência do tomate, que ficou 25% mais caro.
As carnes mantêm patamar recorde de produção. A bovina subiu 11% no terceiro trimestre em relação a igual período de 2024; a suína, 5%, e a de frango, 1%, segundo o IBGE. Mesmo com o aumento de oferta, os preços pagos aos produtores, sustentados pelas exportações, subiram neste ano. A arroba de boi teve valorização média de 23%; o quilo de carne suína, 11%, e o de frango resfriado, 7,3%.
Todos os segmentos do setor encontraram algum tipo de obstáculo em 2025, como tarifaço, gripe aviária ou tentativa de recomposição interna da produção em mercados importadores. O Brasil, porém, é um dos poucos países em condições de fornecer um bom volume de carnes para o mercado externo.
A soja viveu um cenário de maior oferta mundial neste ano, mas as exportações seguram, em parte, os preços no campo. A produção interna atingiu o recorde de 171 milhões de toneladas, e o preço médio da saca ficou em R$ 131, com alta de 1% no período. Truculência de Donald Trump no comércio internacional, principalmente contra a China, vai permitir ao Brasil exportar próximo de 107 milhões de toneladas.
O milho, após o preço médio recorde de R$ 92 por saca para o produtor, em 2021, vinha caindo, até atingir R$ 63 em 2024. Neste ano, subiu para R$ 72, apesar da produção recorde de 141 milhões de toneladas. A demanda interna, com o aumento da produção de proteínas e de etanol, ficou mais aquecida, e o mercado foi ajudado também pela exportação, prevista em 40 milhões de toneladas.
O trigo tem alta anual média de 19% nos preços para o agricultor, uma elevação provocada pela menor safra em três anos. As exportações brasileiras do cereal recuam para 2 milhões de toneladas, as menores em quatro anos, e as importações sobem para 6,83 milhões, as maiores desde 2013.
A alta mais consistente é a do café. Produção menor nos principais participantes do mercado internacional elevou os preços para patamar recorde. O arábica teve alta de 66% em relação a 2024; e o conilon, de 25%.
Fonte ==> Folha SP


