Após dois meses de retração, o faturamento das pequenas e médias empresas (PMEs) apresentou estabilidade em fevereiro, com alta real de 0,3% em relação ao mesmo mês de 2024. Os dados fazem parte do Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), que monitora a evolução financeira de empresas com receita anual de até R$ 50 milhões.
No acumulado do primeiro bimestre de 2025, o índice registra queda de 0,6% frente ao mesmo período do ano passado. O resultado indica perda de dinamismo no segmento, em contraste com os dados positivos observados até o terceiro trimestre de 2024.
O IODE-PMEs consolida dados de 736 atividades econômicas, organizadas em quatro grandes setores: Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços. O índice considera a movimentação financeira real de mais de 170 mil empresas, com base em dados deflacionados pelo IGP-M.
Segundo Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores da Omie, o desempenho atual das PMEs acompanha o cenário macroeconômico. A combinação de inflação pressionada, juros elevados e queda na confiança dos consumidores limita o avanço da atividade econômica. Ele destaca que a retração no consumo das famílias, medida pela Sondagem do Consumidor da FGV e pelo PIB do quarto trimestre de 2024, afeta diretamente a receita das empresas.
Apesar das dificuldades, o setor de Comércio continua a apresentar desempenho positivo. Em fevereiro, o faturamento real cresceu 13,1% em relação ao ano anterior. O avanço é liderado pelo atacado, com destaque para os segmentos de joias e bijuterias, equipamentos elétricos e resíduos recicláveis de papel.
O varejo também registrou crescimento, embora mais modesto. A alta foi de 1,2% no mês, impulsionada por vendas de artigos de viagem, equipamentos para escritório e livros. O movimento ajuda a reverter parte das perdas acumuladas no final de 2024.
Infraestrutura teve avanço de 2,1% no período, com desempenho positivo em atividades ligadas ao saneamento e serviços para construção. No entanto, segmentos como obras de infraestrutura e construção de edifícios recuaram, com quedas de 4,1% e 11%, respectivamente.
O setor de Serviços, importante para a base econômica das PMEs, cresceu 0,6% em fevereiro, após dois meses de retração. A expansão foi puxada por áreas como transporte, armazenagem e tecnologia da informação. Já atividades como alimentação e educação mantiveram desempenho abaixo do esperado.
A Indústria seguiu em retração, com queda de 7% na comparação anual. Foi o quarto mês consecutivo de baixa no faturamento real do setor. A indústria de transformação teve desempenho negativo em 12 dos 23 subsegmentos monitorados. Houve recuo expressivo nas áreas de alimentos e eletrônicos. Por outro lado, confecção de vestuário, fabricação de papel e impressão apresentaram alta.
A perspectiva para os próximos meses é de recuperação lenta, alinhada ao ritmo geral da economia. “O avanço apenas deve ocorrer de forma mais moderada e alinhada ao ritmo da economia como um todo. Para o PIB brasileiro em 2025, a mediana das expectativas do mercado aponta para uma evolução de 2%, segundo o Relatório Focus do Banco Central do Brasil”, afirma Beraldi.
O IODE-PMEs é calculado com base nas movimentações financeiras de contas a receber, considerando 701 atividades econômicas com representatividade estatística. Os dados são anonimizados e deflacionados para captar a evolução real do faturamento das PMEs brasileiras.
Fonte ==> Casa Branca