Grande consumidora de chá, a Ásia é hoje o continente em que o consumo de café mais cresce no mundo.

Países como China e Índia ainda ingerem pouco a bebida, enquanto japoneses e sul-coreanos já cultivam o hábito de beber café há mais tempo. Os consumidores desses países são, em geral, mais jovens. Por isso costumam apontar tendências no setor.

Estive recentemente no Japão e na Coreia do Sul e observei o mercado asiático. Creio que ele nos traz algumas lições:

1. Café gelado é uma realidade. As novas gerações consomem mais as bebidas frias mesmo no inverno. Em cafeterias japonesas e principalmente nas sul-coreanas, as bebidas geladas são mais vendidas do que as quentes.

2. O café não está mais caro, ele é mais caro. A alta nos preços pode até vir a recuar, mas a bebida deixou de ser algo muito barato. No Japão, uma xícara de café custa entre R$ 20 e R$ 40, mesmo em cafeterias simples. É claro que o valor no Brasil não chegará a tanto, mas também não espere um recuo de preços em relação às altas que estamos vendo. Os custos de produção e a alta da demanda global tornaram o café um produto de valor mais elevado, e isso não tem volta.

3. É hora de deixar os purismos de lado. Cada vez mais consumidores —principalmente os jovens— optam por bebidas nas quais o café é apenas mais um ingrediente. O cafezinho preto continuará existindo, claro. Mas, para boa parte da geração Z, um iced latte com leite vegetal é mais atraente do que o bom e velho espresso.

No Japão

– Cafeterias com janelas panorâmicas são comuns em locais com vistas bonitas, oferecendo aos turistas uma pausa contemplativa. Os japoneses frequentam esses cafés solitariamente, refletindo um estilo de vida mais individualista, ao contrário do Brasil, onde o café é uma atividade social.

– Boram Um, campeão mundial de barismo em 2023, abriu a cafeteria Ult em Osaka, em março. O espaço minimalista oferece grãos de diversas regiões, incluindo cafés premiados. O cardápio inclui coados, espresso e cappuccino, além de uma torrefação e sala para cursos. A família de Boram é também proprietária da Um Coffee Co. em São Paulo.

No Brasil

– Minas Gerais foi o grande vencedor da etapa brasileira do prêmio Illy. Os três ganhadores representarão o Brasil no Prêmio Internacional de Café Ernesto Illy, que será realizado em Roma, no segundo semestre. Essa etapa do concurso funciona como uma espécie de Copa do Mundo do café, na qual produtores de nove países que produzem café para a empresa italiana participam de uma disputa por meio de degustação às cegas.

– A Starbucks lança uma coleção de canecas e garrafas em parceria com a carioca Farm. Com isso, a partir de 20 de maio, vários utensílios chegarão às cafeterias cheios de estampas e cores —características que fizeram a fama das roupas da marca. Essa é a primeira ação desse tipo que a Starbucks faz no Brasil desde que entrou em recuperação judicial e teve as operações assumidas pela Zamp. Os produtos também serão comercializados nos Estados Unidos, Canadá e outros países da América Latina.