Em um ato maior que o registrado no Rio de Janeiro em 16 de março, mas menor que outras manifestações da extrema-direita na capital paulista nos últimos anos, bolsonaristas se reuniram neste domingo 6 na Avenida Paulista sob alegação de pedirem anistia aos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Muitos dos participantes que atenderam à convocação levaram e exibiram batons (de verdade ou réplicas gigantescas) em referência ao caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, alçada a símbolo da suposta “injustiça”: ela ficou conhecida por ter pichado com batom a estátua A Justiça, na sede do Supremo Tribunal Federal (STF), escrevendo a frase “perdeu, mané”. Condenada, está em prisão domiciliar.
Financiado pelo pastor Silas Malafaia, o evento teve, desde os primeiros momentos, ares de reunião religiosa, com orações, pregações e citações a Deus, mesmo durante os discursos de políticos.
“Disseram que a direita não estava unida. Hoje o recado que damos a todo o Brasil é que a direita está mais unida do que nunca”, bradou o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), um dos primeiros a falar ao microfone.
O também deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) foi o primeiro a subir o tom contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, um dos principais alvos do bolsonarismo nos últimos anos.
“Ditadores de toga, principalmente Alexandre de Moraes, utilizaram o dia 8 [de janeiro] para nos amedrontar. Se lascou. Olha a gente aqui. Essa é a resposta para você, seu covarde”, atacou o parlamentar, antes de chamar Jair Bolsonaro de “a maior liderança política deste país”, disse Nikolas, que ainda chamou o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo, de “debochado”.
Vestindo um casaco com o nome de Ayrton Senna, o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), disse que os golpistas bolsonaristas são alvo de ‘desumanidade’, e que a manifestação da extrema-direita é um ‘ato humanitário’.
“Eu vou lutar com os deputados do meu partido para assinarem e apoiarem a anistia”, garantiu o prefeito, que teve o apoio de Bolsonaro nas eleições de 2024. “Viva o presidente Bolsonaro, viva o Brasil, viva a anistia”, completou.
Apresentada como “eterna primeira-dama do Brasil”, Michelle Bolsonaro subiu ao trio elétrico vestida com uma camiseta com os dizeres ‘ore pelo Brasil’ e chamou ao palco Sérgio Pina, conhecido como ‘o pai de santo de Anitta’, para dar ares ecumênicos ao encontro. Michelle se engajou nos pedidos para que os participantes do ato levassem os batons.
“Não iremos desistir, porque nosso Deus, criador do céu e da Terra, levantou Jair Bolsonaro para cuidar de nossa nação. Esse homem foi o escolhido, não por ter um projeto de poder, mas por ter um projeto de prosperidade para nossa nação”, bradou, ao lado do marido.
Durante o discurso, a ex-primeira-dama se dirigiu a uma pessoa que carregava uma faixa de apoio a Lula. “A anistia faz parte da história do Brasil desde 1800. E graças a essa anistia, muitos de seus representantes estão no poder”.
Outro que fez um pretenso resgate histórico para defender o perdão aos golpistas de 8 de janeiro foi o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que citou diferentes momentos desde o Império ao tentar sensibilizar parlamentares em apoio à anistia.
“Nós temos caminhoneiros, cabeleireiras, pessoas simples, pessoas humildes, que estavam lá vendo o que acontecia, conhecendo Brasília. Eu quero prisão para assaltante, para quem rouba celular, para quem invade terra, para quem invade propriedade privada, para o corrupto”, disse, para delírio de parte do público.
Fonte ==> Casa Branca