Decisão drástica: por que os EUA proibiram a Kaspersky?

O Departamento de Comércio dos EUA, em uma decisão datada de 14 de junho, destacou que a empresa de segurança cibernética Kaspersky, com sede em Moscou, na Rússia, é uma ameaça à segurança nacional, e proibiu a atuação do software da marca no país.

Na última sexta-feira (21), a empresa negou ser uma ameaça à segurança nacional. Em um comunicado, a companhia liderada pelo CEO Eugene Kaspersky afirmou que a decisão não afetaria suas operações e vendas de produtos de cibersegurança nos Estados Unidos. A Kaspersky alegou que a decisão foi motivada pelo “clima geopolítico e preocupações teóricas”, sem uma verificação independente de risco real.

O governo dos EUA, por sua vez, justificou a proibição afirmando que as conexões russas da empresa representam um “risco indevido ou inaceitável para a segurança nacional”. Nesse sentido, Washington afirmou que o software da Kaspersky pode ser explorado para identificar dados confidenciais de cidadãos americanos e disponibilizá-los para agentes russos.

Apesar das objeções da Kaspersky, as autoridades consideraram a decisão de banir o software “bem fundamentada”. A empresa, reconhecida mundialmente por seu antivírus e unidade de pesquisa em cibersegurança, afirmou que a proibição favorecerá o crime cibernético e limitará a liberdade dos consumidores americanos.

Histórico de controvérsias

A Kaspersky Lab, ao longo dos anos, enfrentou diversas controvérsias e acusações de ligação com a inteligência russa. Em 2019, a Associated Press revelou que um agente secreto visava especialistas em cibersegurança para obter informações sobre críticos da Kaspersky. A empresa sempre negou essas alegações, afirmando que não obtém dados confidenciais deliberadamente sobre americanos.

O governo dos EUA também argumenta que a Rússia tem a capacidade de explorar empresas como a Kaspersky para coletar dados pessoais dos americanos. Gina Raimondo, Secretária do Comércio, afirmou que a Rússia demonstrou a intenção de usar esses dados de forma prejudicial.

Impactos e reações

A proibição exige que a Kaspersky cesse a comercialização de seus softwares nos EUA em 30 dias e permite atualizações até 29 de setembro. Raimondo recomendou fortemente que os americanos busquem alternativas ao software da Kaspersky. A empresa declarou que a decisão se baseia em preocupações políticas e não em uma avaliação justa de seus produtos.

Além disso, a Rússia criticou a decisão dos EUA, classificando-a como “concorrência desleal”. Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, defendeu a Kaspersky, chamando-a de uma empresa internacionalmente competitiva. O Departamento do Tesouro dos EUA, por sua vez, anunciou sanções contra 12 dirigentes da Kaspersky.

Sanções e medidas adicionais

O governo dos EUA também implementou sanções financeiras adicionais para conter a cooperação tecnológica entre China e Rússia. A intenção é a de dificultar a modernização militar russa durante a guerra na Ucrânia. Essas sanções buscam isolar a Rússia do sistema financeiro global e restringir seu acesso à tecnologia bélica.

O Departamento de Comércio incentivou fortemente os usuários a mudarem para novos fornecedores, embora a decisão não proíba o uso contínuo do software da Kaspersky. A empresa tem até 29 de setembro para permitir atualizações, minimizando interrupções para consumidores e empresas enquanto buscam alternativas.

 

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