O nome de maior influência do PT no Rio de Janeiro é quase desconhecido no país. Mas sabe tocar o rebu. Vice-presidente nacional do partido e prefeito de Maricá eleito com 74% dos votos, Washington Quaquá é chamado de “emir”, referência não só à receita que jorra com os royalties do petróleo extraído em alto-mar —R$ 2 bilhões em 2024— como também à ostentação. A cidade tem 46 quilômetros de litoral e Quaquá joga dinheiro pela janela. Injetou R$ 8 milhões na escola de samba local. Quer construir três teleféricos e fazer uma gigantesca piscina natural. O que será que ele tem contra os banhos de mar?
Ligado a pastores evangélicos e adversário de Gleisi Hoffmann nos rachas do PT, o prefeito já criticou Dilma Rousseff, apoiou Arthur Lira, defendeu os irmãos Brazão e a anistia aos golpistas de 8/1, tirou uma foto sorrindo ao lado do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, deu um soco no deputado Messias Donato (Republicanos) dentro da Câmara. “Comigo a porrada canta”, esclareceu.
Quaquá tem uma solução tirada da cartola para facilitar a vida de Lula no caminho da reeleição em 2026. Sugeriu que Eduardo Paes concorra a vice na chapa petista. A ideia é isolar o candidato de Bolsonaro no Rio e, nacionalmente, atrair o PSD de Gilberto Kassab (partido de Paes). De lambuja viria o MDB.
Na eleição municipal, Paes deu uma surra no delegado Ramagem. Trabalha para ser governador e, hoje, é favorito nas pesquisas. O estimulante é que, pensando no estado, ele usa uma estratégia válida para o Brasil inteiro. Adota uma retórica funcional e linha-dura na área da segurança pública. Algumas de suas falas (“O Rio livre da bandidagem”) são bolsonarismo puro, mas vindas do outro lado.
Em 2016, durante uma conversa grampeada, Paes falou com Lula a respeito do famoso sítio em Atibaia, que teria sido comprado e reformado com propina. “Não é como se fosse em Petrópolis, Itaipava. É como se fosse em Maricá, uma merda de lugar!” Quem diria que, na cidade esculhambada, trama-se uma virada política.
Fonte ==> Folha SP