A Federação Internacional de Futebol estabeleceu punições mais duras contra o racismo e notificou as 211 entidades filiadas para que revejam as suas normas internas até o final do ano. Trata-se de medida necessária para coibir atos intoleráveis de preconceito continuem a ocorrer nos estádios.
Assim, a Fifa reforça a exigência de cumprimento do seu Código Disciplinar, que já prevê ações para identificar e punir responsáveis por episódios de discriminação, independentemente de processos nas Justiças locais.
Pelas novas regras, a punição varia de multa de 20 mil francos suíços (cerca de R$ 137 mil) a 5 milhões na mesma moeda (R$ 34,2 milhões), além da restrição de público —para corrigir um caso de impacto desproporcional para o punido, o valor pode cair a 1.000 francos suíços (R$ 6.800).
A entidade exige também o respeito ao seu protocolo, que assegura resposta imediata. A partida precisa ser interrompida assim que um jogador ou o árbitro façam o gesto indicativo de racismo (braços cruzados), ou caso um representante do torneio informe ao árbitro. Se o incidente não cessar, o jogo poder
As medidas servem para dar efetividade às normas dos códigos disciplinares de clubes, federações e confederações que já punem discriminação. A partir de agora, em casos atípicos, a Fifa pode entrar com uma apelação direta no CAS (corte de arbitragem do esporte) contra a decisão de uma entidade sobre comportamento racista em campo.
A reformulação do ordenamento é adequada, quando se considera que o futebol ainda é um esporte no qual episódios do tipo são recorrentes.
Num deles, em março, o ataque foi direcionado a um jogador do time sub-20 do Palmeiras, Luighi Hanri, durante partida contra o Cerro Porteño pela Copa Libertadores, no Paraguai. Torcedores do time rival fizeram gestos racistas contra o brasileiro.
O caso levou a uma troca de acusações entre os chefes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol). O Cerro Porteño foi condenado a pagar multa de US$ 50 mil (R$ 287 mil) —criticada por ser considerada branda— e a Conmebol instituiu um grupo de combate ao racismo.
O reforço da Fifa é bem-vindo como iniciativa para tirar as normas do papel. Mas a recorrência e a gravidade dos atos indicam que, além das punições, uma mudança de cultura no futebol é imprescindível. Racismo não faz parte do jogo.
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Fonte ==> Folha SP