Em marcha lenta, Prefeitura recupera postes históricos do Centro – 10/05/2025 – Andanças na metrópole

A imagem mostra uma luminária de rua clássica, com três lâmpadas em um suporte ornamentado. A luminária é de metal escuro e está posicionada ao lado de uma parede de edifício de cor clara, que apresenta um padrão de pedras retangulares. Ao fundo, é visível uma porta com grades.

Os postes ornamentais são patrimônio da cidade e elementos característicos da paisagem paulistana. Começaram a ser instalados no Centro Histórico em 1927 pela então concessionária dos serviços de energia elétrica, a Light, trazendo beleza e mais luz para uma área até então parcamente iluminada por lampiões a gás ou a óleo de baleia e mamona.

Instalados nas principais vias do Centro e em outros locais, eles vêm sendo lentamente recuperados, mas a maioria ainda está em mau estado de conservação. Com quase um século de existência sofreram danos por todo tipo de intempérie e pela depredação e muitos foram retirados das ruas. Outros fatores que pesaram para a diminuição da quantidade desses equipamentos foram as obras do metrô.

Existem mais de duas dezenas de tipos de postes em São Paulo que, em 2022, foram tombados pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo). “Na época da instalação, a Light propôs um projeto de hierarquização das luminárias e instalou postes diferentes em função da importância das vias”, diz o arquiteto e urbanista Ayrton Camargo e Silva, estudioso do assunto. “A primeira rua da cidade que os recebeu foi a Libero Badaró, onde ficava a Prefeitura e a Câmara.”

Embora muitas vezes passem despercebidos, eles são considerados símbolos da cidade. Tratam-se de referências urbanas importantes e contribuem para o embelezamento do cenário. Também rememoram a São Paulo do passado, como se percebe hoje no viaduto do Chá durante a noite ou no viaduto Santa Ifigênia, onde foram recuperados.

Ao longo das últimas décadas, desapareceram os postes de vários pontos do Centro, como a avenida Duque de Caxias, o largo São Bento, a praça Oswaldo Cruz, a avenida da Liberdade e o Largo da Concórdia, por exemplo. Mais recentemente, eles foram retirados da rua 7 de Abril. Com o tombamento, a Prefeitura foi impedida de fazer as remoções e teve que se comprometer com a recuperação desse patrimônio.

A SP Regula (Agência Reguladora de Serviços Públicos do Município de São Paulo) informa que a Ilumina SP, concessionária responsável pela gestão, modernização e expansão da rede de iluminação pública da capital, está restaurando os 1.716 postes ornamentais do centro histórico. Em janeiro do ano passado, a administração informava a existência de 1.900 luminárias, das quais 363 tinham sido recuperadas. Quer dizer que quase 200 deixaram de existir nesse período.

Desde o início dos trabalhos, 696 estruturas foram revitalizadas. Os postes restaurados podem ser vistos no entorno do Museu do Ipiranga, no viaduto Santa Ifigênia, nas avenidas Brigadeiro Tobias e Prestes Maia e na praça Pedro Lessa. Em outros locais, como a rua Florêncio de Abreu, porém, ainda há muito a ser feito.

A SP Regula alega que a demora na recuperação dos postes acontece porque se trata de um processo complexo, que conta com equipes multidisciplinares especializadas em análise estrutural, mecânica, solda, montagem, eletricidade, moldagem, fabricação de peças e pintura. O poste precisa ser lixado para a remoção de camadas de tinta ressecada e, em seguida, ele recebe o zarcão. Ao final, é pintado com esmalte sintético preto.

“Algumas partes da estrutura, como os globos que protegem as lâmpadas, cabeamentos e soquetes são industrializados e estão disponíveis no mercado”, diz o órgão. “Já a substituição das partes de ferro fundido exige um trabalho minucioso, com a retirada de uma amostra e o escaneamento em 3D para a confecção de moldes de madeira necessários para a fundição de novas peças.”



Fonte ==> Folha SP

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