31 de outubro de 2025

Empreender em franquias no Brasil: desafios e vantagens

O franchising consolidou-se como uma das portas de entrada mais seguras para o empreendedorismo no Brasil. De acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF), o setor tem crescido de forma consistente no pós‑pandemia, com variações em dois dígitos em faturamento e expansão de unidades em 2024, chegando aos 13,5%, superando o ritmo do PIB e ampliando presença para além das capitais. Estudos do Sebrae também indicam que franquias apresentam taxa de mortalidade inferior à de negócios independentes — reflexo de modelos testados, padronização e suporte contínuo ao franqueado.

Vantagens de empreender em franquias

  • Modelo de negócio validado: o franqueado acessa um “playbook” operacional que já foi testado e otimizado. Isso reduz a curva de aprendizado e ajuda a mitigar erros comuns na fase inicial.
  • Marca reconhecida: a força da marca tende a acelerar tração comercial e reduzir o custo de aquisição de clientes, principalmente em segmentos como Alimentação, Saúde/Beleza/Bem-estar e Serviços — líderes históricos em número de redes e unidades, segundo a ABF.
  • Suporte e treinamento: redes maduras oferecem capacitação, implantação assistida, manuais, sistemas de gestão e acompanhamento de indicadores (KPIs). Esse suporte contínuo é um dos fatores associados à menor mortalidade observada em estudos do Sebrae.
  • Eficiência de compras e marketing: economias de escala em insumos, logística e campanhas de comunicação compartilhadas ajudam a preservar margem, sobretudo em ambientes de inflação de custos.
  • Evolução digital: muitas redes já operam com omnicanalidade, delivery, CRM e marketplaces, o que aumenta a produtividade por loja e melhora a experiência do cliente.
  • Acesso a formatos e tickets variados: das microfranquias a operações de rua e shopping, o franchising oferece opções de investimento e complexidade de gestão para diferentes perfis de empreendedor. Em linhas gerais, as redes divulgam, na COF (Circular de Oferta de Franquia), parâmetros de investimento, capital de giro e prazos de retorno, o que aumenta a transparência.

Desafios que exigem atenção

  • Custos recorrentes: royalties e fundo de propaganda costumam variar, em média, entre 4% e 10% e 2% a 5% do faturamento bruto, respectivamente. É essencial simular cenários de venda e margem para aferir a viabilidade financeira em diferentes sazonalidades.
  • Capital de giro e ponto comercial: mesmo com um modelo testado, subestimar capital de giro, mix e localização é um risco material. O custo de ocupação (aluguel, condomínio, taxas) deve caber confortavelmente na estrutura de margem prevista pela rede.
  • Execução e disciplina: a padronização é um ativo, mas também um compromisso. Cumprir manuais, SLAs e políticas de marca é condição para sustentar qualidade e reputação, sendo um desafio para perfis muito autônomos.
  • Pessoas e turnover: em segmentos intensivos em mão de obra (como alimentação), a gestão de equipe e a rotatividade pesam em custos e consistência de atendimento. Redes com trilhas de capacitação e indicadores de produtividade tendem a mitigar esse risco.
  • Dependência do franqueador: a performance do franqueado está vinculada à estratégia, poder de compra, marketing e inovação da franqueadora. Avaliar a saúde financeira e a governança da rede é parte crítica da diligência.
  • Concorrência e canibalização: expansão acelerada sem critérios pode reduzir o potencial de vendas por território. Verifique regras de exclusividade territorial e estudos de geoanálise apresentados pela rede.

Boas práticas antes de investir

  • Analise a COF em detalhe: verifique histórico de processos, suporte prometido, indicadores médios de payback e performance. A COF deve vir acompanhada do contrato e ser entregue com antecedência mínima legal.
  • Converse com franqueados: faça entrevistas com unidades de diferentes praças e maturidades para validar vendas, custos, margem e suporte real. Procure entender a jornada de implantação e a curva de ramp-up.
  • Simule cenários: projete vendas, custo de ocupação, folha, CMV/insumos, royalties, marketing, impostos e capital de giro. Trabalhe com um cenário base e pelo menos dois estresses (volume e margem).
  • Avalie a capacidade digital da rede: presença em canais, CRM, indicadores de recompra, NPS e políticas de mídia local versus nacional.
  • Planeje seu papel: franquias exigem acompanhamento próximo do dono, especialmente nos primeiros 12 a 18 meses. Defina como você dividirá tempo entre operação, pessoas e comercial.

Empreender em franquias não é garantia de sucesso, mas, segundo dados da ABF e do Sebrae, oferece vantagens concretas de padronização, suporte e marca frente a negócios independentes. O diferencial está em uma diligência rigorosa, execução disciplinada e gestão próxima dos números.

Fontes de referência: ABF (Panorama do Franchising 2022‑2024), Sebrae (estudos de sobrevivência de empresas e guias de franchising) e COFs das próprias redes.

Cleriston Oliveira

Formado em Direito com MBA em Investimentos Financeiros, possui mais de 13 anos de experiência como empreendedor, onde atua em alguns segmentos da economia através de franquias, destacando-se pela expertise em investimentos financeiros e empresariais. Ao longo de sua carreira, tem se consolidado como uma referência no setor, trazendo insights valiosos e inovadores para o mercado.

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