Comprar um iate ajuda a estreitar laços: uma vez que se está em alto-mar com a família, não há como fugir dali. Apesar do tom irônico, a afirmação feita por Manuel Pires, head comercial do grupo
Okean, explica um dos pontos que impulsionam o mercado de embarcações de luxo no Brasil.
O estaleiro de Santa Catarina está no meio de um ciclo de R$ 250 milhões em investimentos, que se encerra em 2028. Até lá, a empresa pretende passar de 20 para 50 unidades produzidas por ano. No momento, a estrela da companhia é o FY 1000, que custa a partir de R$ 72 milhões.
É o maior iate de fibra de vidro fabricado em série no Brasil. A companhia catarinense detém a licença para produzir os modelos italianos da Ferretti Yachts.
A embarcação de alto luxo tem cinco suítes e 32 metros de comprimento. São 110 toneladas sobre as águas, impulsionadas por dois motores a diesel que, somados, pesam cerca de 7.000 quilos. O tanque de combustível tem capacidade para 9.000 litros.
Duas unidades do iate FY 1000 foram encomendadas logo no lançamento, realizado em maio. A primeira será entregue até o fim deste ano, e a segunda deve ser concluída em 2026. Os nomes dos compradores não foram divulgados.
Há áreas de convívio nas partes interna e externa da embarcação, com decoração ao gosto do comprador. É possível receber 20 ocupantes, de acordo com informações passadas pelo estaleiro Okean.
As acomodações justificam a proposta familiar de uma aquisição por impulso, conforme explica Pires. “É uma compra 100% emocional, zero racional.”
O executivo diz que a maior parte dos consumidores desse nicho estão nas regiões Sul e Sudeste. Há também interesse de clientes de regiões que, embora distantes do mar, têm o agronegócio como a principal força econômica.
São casos em que a embarcação fica ancorada em cidades como Angra dos Reis (RJ), sendo utilizada nos feriados ou em períodos de férias.
Pires afirma que a aquisição, em geral, está relacionada a um momento de grande sucesso financeiro. No caso do agro, por exemplo, pode ser a celebração de uma supersafra.
Além de atender ao mercado nacional de iates, que tem até fila de espera por alguns modelos, a produção nacional busca outros mercados.
Segundo dados do Mdic (Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio), as exportações de barcos para os EUA atingiram US$ 12 milhões no primeiro trimestre deste ano, um aumento de 220% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Fonte ==> Folha SP