26 de abril de 2025

Exclusivo: Vereador do Rio solicita ao CNDH proteção para universitário baleado por PM e mototaxista acusados falsamente de roubo

O vereador Leonel de Esquerda (PT) solicitou que órgãos de direitos humanos do governo federal atuem para proteger e reparar as vítimas no caso do estudante universitário Igor Melo de Carvalho e do motociclista Thiago Marques Gonçalves, acusados falsamente de roubo de celular na zona norte do Rio de Janeiro no último mês.

A principal recomendação é que os órgãos responsáveis solicitem formalmente ao Estado do Rio de Janeiro a devida reparação às vítimas, considerando que o acusado, mesmo aposentado, mantém vínculo institucional com a Polícia Militar.

Igor Melo e Thiago Marques foram atacados a tiros pelo PM reformado Carlos Alberto de Jesus que teria “confundido” a dupla com criminosos. Ao Brasil de Fato, Leonel de Esquerda declarou que a preocupação com a segurança dos rapazes motivou a iniciativa do mandato. O policial que realizou os disparos está solto.

“O Estado leviano fomenta essa política do medo que faz com que policiais e reservistas se achem na autoridade de perseguir e fazer justiça com as próprias mãos. Igor e Thiago estão em ameaça velada. São meninos que moram no subúrbio, não tem o amparo e a defesa das forças policiais, enquanto Carlos Alberto está solto por aí e pode querer vingança. É preciso proteger esses meninos, é com esse intuito que enderecei o pedido ao Conselho Nacional de Direitos Humanos”, afirmou. 

Para o advogado Carlos Nicodemos, que assina a peça jurídica, a responsabilização pelos crimes de tentativa de homicídio e falsa comunicação delituosa também é fundamental. 

“Pela gravidade do caso, estamos num processo de escalonamento para responsabilizar os autores e o Estado em todas as instâncias, considerando que este é um dos capítulos mais sombrios da segurança pública no Estado do Rio de Janeiro, por seu contorno de racismo estrutural e letalidade”, afirmou ao Brasil de Fato.

Por meio do mandato do vereador Leonel de Esquerda foram acionados o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), vinculados ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) e da Igualdade Racial (MIR), na última segunda-feira (17).

O documento também recomenda que sejam adotadas medidas no sentido de reconhecer o racismo e a violência de Estado no qual se deu o contexto do crime.

Relembre o caso

Após sair do trabalho em um restaurante no dia 23 de fevereiro, o estudante universitário Igor Melo Carvalho solicitou uma corrida por aplicativo para casa. Na garupa do mototaxista Thiago Gonçalves, eles foram atacados a tiros pelo policial militar reformado Carlos Alberto de Jesus. 

Imagens mostram a moto sendo seguida pelo PM, que havia sido alertado pela namorada, Josilene Souza, de que a dupla teria roubado seu celular. Mesmo sem provas, os dois ficaram presos dois dias. A investigação, depois, comprovou que Igor e Thiago não cometeram o crime.

A juíza que determinou a soltura afirmou na decisão que as provas no processo indicam que os acusados foram confundidos com os verdadeiros assaltantes. Igor perdeu o rim direito após passar por uma cirurgia devido ao disparo. A Justiça determinou ainda que a motocicleta de Thiago, apreendida no momento da prisão, seja devolvida.



Fonte ==> Brasil de Fato

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