Quando participou de uma rodada do Exporta Mais Brasil, em Santa Cruz do Capibaribe (PE), a designer Lídia Abrahim já tinha um sonho definido: levar as biojoias da Seiva Amazon Design, produzidas com látex e caroço de açaí, para fora do país. Poucos meses depois, conseguiu fechar a primeira exportação.
“A nossa empresa sonhava em exportar. E, para isso, buscamos nos capacitar. Isso foi nos encorajando a nos prepararmos internamente e produtivamente, com design e com material para divulgação em outros países”, contou em depoimento à ApexBrasil. Hoje, a marca do Pará negocia com compradores internacionais e se prepara para ampliar sua produção.
Histórias como essa ajudam a explicar os resultados da iniciativa criada pela ApexBrasil em 2023. Desde então, o Exporta Mais Brasil já reuniu 1.220 empresas de todos os estados com 393 compradores estrangeiros de 69 países nas 39 edições realizadas em diferentes regiões do país. A expectativa de negócios a serem gerados, calculada a partir de estimativas coletadas pela Agência junto a empresas brasileiras e compradores internacionais, alcança R$ 665 milhões.
Interior do país no radar
A descentralização é uma das marcas do programa. No setor agroindustrial, a rodada de frutas frescas realizada em Mossoró (RN) levou 39 produtores a negociações diretas com compradores de 12 países, segundo a ApexBrasil.
Lucas Gutierrez, diretor comercial da Agrícola Famosa, que cultiva 30.000 hectares de melões e melancias entre o Rio Grande do Norte e o Ceará, cita a abertura de novos mercados em eventos como o oferecido pela agência. “Esperamos visitas de clientes que atualmente não temos contato e também esperamos fechar novas demandas nas rodadas de negócios”, disse Gutierrez, em entrevista à ApexBrasil durante o evento que participou.
As chamadas “rodadas de negócios” são o eixo central do programa.
A ApexBrasil explica que compradores [estrangeiros] vêm ao Brasil e encontram empresas brasileiras. De acordo com a agência, na rodada de negócios, o comprador fica sentado em uma mesa e, a cada cinco minutos, se encontra com uma empresa brasileira. “A empresa brasileira se encontra com o comprador, depois vai para outra mesa e fica girando.”
Esse formato já resultou em mais de 8.000 reuniões presenciais em dois anos de programa, conforme balanço da ApexBrasil. Além dos encontros rápidos, a programação inclui visitas técnicas, de fábricas a plantações, para que os estrangeiros conheçam de perto os processos produtivos.
“A ideia é que eles tenham a experiência completa de entender como é a produção e sobre as empresas brasileiras. E, claro, fazer negócios”, completa a agência.
Embora o Brasil tenha 28 mil exportadores registrados, apenas 10% estão no Norte e Nordeste.
E esse é um dos intuitos do Exporta Mais Brasil: corrigir essa distorção ao organizar eventos em estados como Acre, Pará e Amazonas, fora do eixo mais convencional do Sul-Sudeste.
“O programa busca forçar a regionalização ao levar compradores para estados menos tradicionais, o que sabemos ser mais complexos, mas representa um esforço importante dos estrangeiros que aceitam viajar ao Brasil para conhecer novas regiões”, destacou a ApexBrasil. O programa já chegou a maioria dos estados do país, com exceção apenas do Amapá, com empresas participantes vindas de todos eles.
Pequenos negócios no centro
Outro resultado é a ampliação da atuação de micro e pequenas empresas (MPEs) no comércio exterior.
Entre os 28.000 exportadores brasileiros, só 41% são desse porte, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). Em países desenvolvidos, esse índice chega a 70%. Por isso, a prioridade do programa é atender quem nunca exportou, explica a ApexBrasil.
Na Expointer, em Esteio (RS), entre 3 e 4 de setembro, o Exporta Mais Brasil reuniu 26 empresas brasileiras do setor de máquinas e equipamentos agrícolas e nove compradores internacionais de seis países.
A Implemaster, de Tapejara (RS), participou das rodadas buscando ampliar destinos além do Mercosul. “O nosso produto depende de ter um profissional que exerça a montagem, então ele é um pouquinho mais complicado, mas a gente sempre vai com boas expectativas”, afirmou Lucas Della Vechia, gerente de exportação da Implemaster, em depoimento à ApexBrasil durante a feira.
Segundo a agência, a rodada de negócios realizada em Esteio durante a Expointer gerou uma expectativa de negócios superior a US$ 2 mi (cerca de R$ 10,8 mi), resultado do contato direto entre as empresas brasileiras e compradores estrangeiros.
Mulheres liderando
Os resultados também chamam atenção pelo protagonismo feminino. Enquanto apenas 14% das empresas exportadoras brasileiras são comandadas por mulheres, no Exporta Mais Brasil esse número chega a 53% das participantes, de acordo com dados da ApexBrasil.
Em São Paulo, durante a edição voltada ao e-commerce, de 29 a 31 de julho, a empresária Raffaella Russo, da Raff Company, destacou como os encontros com compradores a ajudaram a desenhar os próximos passos da marca de moda praia e fitness.
“Está sendo muito esclarecedor de várias formas porque começamos a exportar e são muitos caminhos, muitas dúvidas, um mundo de oportunidades. Esse evento foi fundamental para ampliar nosso entendimento sobre mercado, tributação e logística, além de facilitar o contato com compradores internacionais”, relatou em entrevista concedida à Agência durante o evento.
Negócios em diferentes setores
Entre 2023 e 2024, o programa Exporta Mais Brasil realizou 28 rodadas setoriais, com 878 empresas e 305 compradores de 65 países, que somaram cerca de 6.000 reuniões, de acordo com balanço oficial da ApexBrasil. A expectativa de negócios no período ultrapassou R$ 553 mi.
Já neste ano, o setor de moda e confecção do agreste pernambucano foi um dos destaques, com expectativa de R$ 2,8 mi em contratos, segundo a agência. No e-commerce, empresas de cosméticos, moda fitness e tecnologia somaram 180 reuniões de negócios, com perspectiva de US$ 400 mil em vendas.
“Antes de conhecermos a ApexBrasil, não sabíamos como iniciar as exportações. Após realizarmos o PEIEX [Programa de Qualificação para Exportação], estamos nessa rodada. Isso reforça nossa confiança para ampliar nossa presença internacional”, disse Adailton Lopes, fundador da Grazie Professional, em depoimento durante a edição de São Paulo.
O PEIEX é outra frente da ApexBrasil e funciona como uma porta de entrada para quem ainda não exporta. A iniciativa oferece capacitação para estruturar processos internos, ajustar produtos às exigências internacionais e preparar as empresas para dar os primeiros passos no comércio exterior.
Segundo a Agência, muitos negócios só chegam às rodadas do Exporta Mais Brasil após passar por essa fase inicial de formação. “Queremos ajudar a empresa a se profissionalizar, a sair da garagem e ir para uma fábrica, contratar mais gente e conseguir gerar o negócio”, resume a ApexBrasil.
O futuro do Exporta Mais Brasil
A ApexBrasil avalia que o impacto do programa vai além dos números.
Segundo a agência, o que a ApexBrasil quer não é um número de exportação grande, mas sim um impacto social relevante. “Queremos que a empresa mude a sua realidade. É isso que importa.”
O formato também reduz barreiras de custo, já que a agência é responsável por trazer os compradores internacionais ao Brasil, enquanto às empresas cabe apenas o deslocamento interno.
Uma das próximas ações previstas é a Edição Cafés Especiais, em novembro, com degustações e rodadas em Rio Branco (AC), Belo Horizonte (MG) e nas regiões do Caparaó e das Matas de Minas, também no estado de Minas Gerais.
Para 2026, a expectativa é ampliar o número de edições de rodadas de negócios e reduzir a dependência do mercado estadunidense, após a imposição de tarifas a produtos brasileiros. A ApexBrasil identificou 72 países com potencial de compra, entre eles China, Alemanha, Reino Unido e México.
O desafio agora é ampliar os resultados conquistados em apenas dois anos. Como aponta a agência, o “objetivo do Exporta Mais Brasil é democratizar o acesso ao comércio exterior, ampliando a base de exportadores e garantindo que empresas de todas as regiões tenham a oportunidade de competir lá fora”.
[Conteúdo patrocinado pela ApexBrasil.]
Fonte ==> Brasil de Fato