18 de abril de 2025

Fabricante do Ozempic quer mais prazo para patente do medicamento no Brasil

Fabricante do Ozempic quer mais prazo para patente do medicamento no Brasil

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A patente do Ozempic se encerra em 2026 no Brasil, abrindo espaço para a produção de versões genéricas e mais baratas do medicamento, mas a Novo Nordisk tenta ampliar o prazo. A farmacêutica argumenta que na verdade pleiteia uma compensação pelo atraso de 13 anos no processo de exame e concessão da patente da semaglutida -princípio ativo do Ozempic- no país, usada para tratamento de diabetes e obesidade.

Registrada em 2006, a patente foi concedida apenas em 2019. Em 2021, o STF (Supremo Tribunal Federal) limitou o prazo de exclusividade de patentes de medicamentos a 20 anos em todos os casos, independentemente da data de concessão pelo INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). Por isso a patente do Ozempic expira em 2026.

Em nota, a empresa afirma que “não demanda mudanças no que foi decidido pelo STF no contexto da ADI 5529 referente à propriedade intelectual no país”. “A Novo Nordisk concorda que o tempo de vigência de patentes de inovação não deve ser superior a 20 anos, que é o padrão global”, acrescenta a farmacêutica.

“O que empresas de inovação em saúde em geral, como a Novo Nordisk, e outros setores inovadores do País, defendem é que o Brasil disponha de mecanismos mais sólidos de segurança jurídica, que permitam às organizações que detém patentes usufruírem do seu direito à propriedade industrial sem exceder os 20 anos estabelecidos na legislação, porém com a possibilidade de ajuste de tempo quando o INPI não realizar a análise e concessão formal das patentes em prazo razoável”, continua a nota.

A empresa diz ainda que “tais mecanismos de compensação são práticas padrão, amplamente adotadas em diversos países do mundo, inclusive na América Latina” e que o exemplo específico de Ozempic é “somente um dentre muitos outros dos setores de inovação presentes no Brasil”.

A farmacêutica destaca ainda que a proteção patentária é “pilar fundamental para a inovação”, especialmente no setor de saúde, que exige altos investimentos em pesquisa e desenvolvimento. A demora na tramitação dos processos, segundo a Novo Nordisk, “resulta, na prática, em tempos de patente utilizáveis muito abaixo dos 20 anos previstos na lei”.

Com a proximidade do fim da exclusividade do Ozempic, farmacêuticas brasileiras como EMS, Biomm e Hypera Pharma já se preparam para lançar genéricos à base de semaglutida. A entrada desses medicamentos promete ampliar o acesso a tratamentos para diabetes e obesidade, com genéricos oferecendo descontos que podem chegar a 68%.

SUGESTÕES DA INDÚSTRIA

Também procurada, a Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa) endossa o posicionamento da Novo Nordisk e afirma que as indústrias de inovação “não pedem a extensão de patentes, mas a recomposição de prazo devido a atrasos no INPI”.

O presidente-executivo da Interfarma, Renato Porto, afirma que o Brasil tem um dos prazos mais longos para análise de patentes no setor biofarmacêutico, com média de 9,5 anos, e defende o fortalecimento do INPI para reduzir o tempo de análise para 2 ou 3 anos.

Porto defende, por exemplo, incluir o PTA (Patent Term Adjustment, ou ajuste de prazo de patente) na legislação brasileira como “uma medida de balanceamento frente à demora excessiva do estado” em casos em que houver atrasos injustificados no processo de análise pelo INPI. Para isso, sugere a discussão de alterações na Lei de Propriedade Industrial.



Fonte ==> Gazeta do Povo e Notícias ao Minuto

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