O Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) realiza nesta quinta-feira, o 1º Seminário Nacional Emergência climática, transição energética e o Lítio no Brasil. Realizado em parceria com o Instituto Clima e Sociedade (ICs), o seminário acontece no auditório do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (ADUFC) em Fortaleza.
Conhecido dentro do setor energético como “ouro branco”, o metal tem sido cada vez mais procurado por empresas automobilísticas de veículos elétricos e para o uso em baterias de aparelhos celulares e computadores, uma vez que possui como uma de suas principais características a alta capacidade de conduzir calor e elevado potencial eletroquímico.
Pedro D’Andrea, membro da direção nacional do MAM, destaca que o lítio é um dos principais minérios no que diz respeito às demandas internacionais dentro da transição energética. D’Andrea ressalta que a América Latina concentra hoje, 70% do lítio no mundo, onde o Brasil possui cerca de 7% deste total. “A importância do seminário é justamente dar publicidade a esse processo de mineração e exploração, reunindo um conjunto de militantes de várias organizações dos 12 estados em que nós estamos organizados, sobretudo dos seis estados onde há presença de lítio no Brasil, para que possamos tecer reflexões que apontem para uma contribuição popular para a economia do lítio no Brasil”, afirma.
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O dirigente esclarece ainda que o objetivo do MAM com a realização do seminário é discutir saídas populares que apontem para a soberania popular da mineração em torno das características da exploração mineral no Brasil, fundamental para apresentar propostas concretas sobre uma economia popular do lítio no Brasil.
No Brasil, o Vale do Jequitinhonha (MG) é a região do país com maior número de atividades de extração de lítio, atraindo os olhos de grandes empresas e investimentos para a execução das extrações minerais. Os intensos processos de extração do mineral tem causado poluição severa em comunidades que moram próximo à região das minas, que já sofrem com problemas respiratórios. Além do estado mineiro, outros estados brasileiros também têm sido alvo de investidas para a extração do mineral, como o Ceará.
Em 2024, o Ceará possuía cerca de 515 pedidos de autorização de pesquisa de lítio, ocupando a vaga do 3° estado com maior número de requerimentos do país, sendo que cerca de 75% das pesquisas estão concentradas em torno de 14 municípios, distribuídos no Sertão Central, Vale do Jaguaribe e Centro Sul. Solonópole e Quixadá, são os dois municípios cearenses que recebem o maior número de tentativas de empresas multinacionais para exploração e criação de uma zona de processamento do lítio.
“Isso demonstra para nós que há um avanço acelerado e violento de um interesse internacional sobre o que está acontecendo. Existe um conjunto de elementos que se articulam para viabilizar condições as quais a mineração de lítio possa ocorrer no Brasil. A Trans Nordestina é uma delas, e afeta diretamente as áreas de Quixadá, Quixeramobim e Solonópole, onde se concentra o maior número de pesquisas”, aponta D’Andrea.
De acordo com D’Andrea, o seminário deve reunir mais de 60 militantes de 12 estados brasileiros, além do Ceará, e vai discutir um conjunto de atividades que serão construídas no Ceará e no Brasil, rumo ao 2º encontro nacional do MAM, que deve acontecer na Universidade Federal do Ceará (UFC), em Fortaleza ainda em 2025.
A programação conta com a presença de pesquisadores, membros de movimentos populares, ONGs, entidades públicas e comunidades afetadas de aproximadamente 10 estados brasileiros. A inscrição para acompanhar o evento de forma virtual pode ser feita por meio do formulário de inscrição. A transmissão ao vivo será realizada nas redes oficiais do MAM.
Programação
8h às 9h: Credenciamento
9h: Mística de Abertura (Escola de Arte e Cultura MAM)
9h30: Mesa de Boas Vindas (Com Irenisia Oliveira – Presidente ADUFC / Pedro D’Andrea – MAM/CE)
10h às 11h30: MESA 1 – A Geopolítica Global dos Minerais Estratégicos, o papel do Lítio e os desafios para a transição energética no Brasil em um contexto de Emergência Climática. Com exposição de Mônica Bruckmann, da UFRJ e Instituto Tricontinental; e Soraya Tupinanmbá, ativista da Ecologia Política. A mediação da mesa é de Haroldo de Souza, da Unifesspa; e Elane Barros, membro do MAM no Maranhão e da Escola de Arte e Cultura.
11h30 às 12h: Debate em Plenária
12h às 14h: Intervalo do Almoço
14:30h às 16h: MESA 2 – Os Desafios das Lutas Sociais Frente à Emergência Climática e o Aumento da Exploração de Minerais Estratégicos. Com exposição de Gabriela Sarmet, do Observatório da Mineração; Gustavo Seferian, presidente do ANDES – SN; e Merel van der Mark, do coletivo Coalizão Florestas & Finanças. A mediação fica por conta de Erivan Camelo e Samanda Karen, membros do MAM no Ceará.
16h às 16h30: Intervalo Café
16h30h às 17h30: Debate em Plenária
17:30 às 18h: Encerramento (Escola de Arte e Cultura MAM)
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Fonte ==> Brasil de Fato