7 de dezembro de 2025

Fracasso de simulado eleitoral em Honduras aumenta tensão política a 20 dias das eleições — Brasil de Fato

A apenas vinte dias das eleições gerais em Honduras — e em meio a um clima de fortes tensões políticas — o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) classificou como um “fracasso” o simulado eleitoral realizado neste domingo (9). O teste tinha como principal objetivo avaliar a operacionalidade do Sistema de Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares (TREP), a conectividade da rede e o funcionamento dos equipamentos eletrônicos.

O simulado buscava verificar a capacidade do CNE, a mais alta autoridade eleitoral do país, de administrar toda a logística do processo eleitoral, desde a abertura dos centros de votação até a transmissão dos resultados, a apenas três semanas das eleições gerais marcadas para 30 de novembro. Nelas, além da escolha do próximo presidente para o período de 2026 a 2030, serão renovados todos os assentos do Congresso Nacional (órgão unicameral composto por 128 deputados) e as prefeituras de todo o país.

No entanto, o exercício revelou falhas técnicas e problemas logísticos. Segundo informou o conselheiro eleitoral Marlon Ochoa Martínez, membro do CNE pelo partido governista LIBRE, ao final do simulado o sistema conseguiu transmitir apenas 35,7% das atas — 1.556 das 4.362 previstas —, enquanto apenas 317 dos 1.340 dispositivos biométricos distribuídos (23,7%) conseguiram se conectar.

“Informo ao povo hondurenho que o simulado do sistema TREP testado hoje fracassou. Isso é mais uma prova de que a revelação dos áudios é verdadeira e de que existe uma conspiração contra o processo eleitoral, orquestrada a partir do próprio seio do órgão eleitoral”, afirmou Ochoa Martínez em suas redes sociais.

Crise e acusações de fraude

O estopim da crise foi a divulgação, durante uma coletiva de imprensa do procurador-geral de Honduras, Johel Zelaya, em 29 de outubro, de uma série de áudios nos quais supostamente participavam a conselheira eleitoral Cossette López — representante do Partido Nacional —, o líder da bancada do mesmo partido, Tomás Zambrano, e um militar não identificado. Segundo Zelaya, os três teriam formado uma “associação ilícita para alterar a vontade popular, buscando impor um resultado nas eleições presidenciais”. Esses áudios teriam sido entregues pelo próprio conselheiro do LIBRE, Marlon Ochoa.

Após a divulgação das gravações, a presidenta Xiomara Castro publicou um comunicado oficial afirmando que “os mesmos grupos que violaram a Constituição no golpe de 2009 e consumaram as fraudes eleitorais de 2013 e 2017 agora pretendem, mais uma vez, sequestrar a soberania popular”.

Na mesma linha, a candidata governista Rixi Moncada, integrante do partido no poder — Liberdade e Refundação (Libre) —, classificou a situação como uma “operação fraudulenta de uma máfia eleitoral” e relacionou o suposto plano às fraudes denunciadas nas eleições de 2013 e 2017.

Por sua vez, Cossette López acusou o governo de mentir e afirmou que os áudios são falsos. Já setores da oposição e da mídia alegaram que a divulgação das gravações representa uma “violação” das leis do país, por se tratar de material privado — embora não tenham se pronunciado sobre o conteúdo dos áudios.

Um cenário de incerteza

Mais de 6,5 milhões de hondurenhos estão convocados às urnas no próximo dia 30 de novembro para participar das eleições gerais, que renovarão praticamente todos os cargos públicos do país.

Será a primeira disputa presidencial desde o retorno da esquerda ao poder, liderada por Xiomara Castro — que, segundo a legislação hondurenha, não pode ser reeleita —, após o golpe de Estado de 2009 que derrubou o então presidente Manuel Zelaya.

Embora haja cinco candidatos à presidência, as pesquisas indicam que apenas três têm chances reais de ocupar o Palácio José Cecilio del Valle, sede da Presidência de Honduras.

Pelo governo, a candidata do Partido Liberdade e Refundação (LIBRE) é Rixi Moncada, advogada penalista, cofundadora do partido e ex-ministra da Defesa, que busca suceder a presidenta Xiomara Castro.

Na oposição, os tradicionais Partido Nacional e Partido Liberal — que dominaram a política hondurenha durante boa parte do século XX — tentam retornar ao poder. O Partido Nacional apresenta o empresário da construção civil e ex-prefeito de Tegucigalpa, Nasry Asfura, que em 2021 obteve 36,9% dos votos. Já pelo Partido Liberal concorre Salvador Nasralla, ex-apresentador de televisão e ex-designado presidencial (equivalente ao vice-presidente) durante boa parte do atual governo, que renunciou em 2024 para voltar a disputar a chefia de Estado.



Fonte ==> Brasil de Fato

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