O Rio Grande do Sul está novamente sob alerta de eventos meteorológicos extremos. O governador Eduardo Leite e órgãos de Defesa Civil fazem um apelo urgente para que a população deixe as áreas de risco neste fim de semana. A previsão indica chuvas intensas, com volumes equivalentes ao esperado para um mês inteiro em apenas 12 horas, sobre um solo já encharcado pelas precipitações anteriores.

A partir do fim da tarde deste sábado (28), regiões como a Serra e os Vales devem registrar entre 100 milímetros e 130 milímetros de chuva em apenas 12 horas, o que o governador classificou como “a chuva de um mês inteiro”.

A Defesa Civil do Rio Grande do Sul elevou o alerta, prevendo que em algumas regiões a precipitação pode ultrapassar 150 milímetros em cerca de 12 horas, e até superar os 170 milímetros nos Vales, Serra e Litoral Norte, volumes que excedem a média para todo o mês de junho.

Devido às chuvas das últimas semanas, o solo em muitas áreas já se encontra encharcado. Isso eleva drasticamente o risco de movimentos de massa, como deslizamentos de terra, que são a maior preocupação das autoridades, mais do que as inundações.

Rios em risco de transbordamento

Com a intensidade das chuvas, rios importantes como o Jacuí, Taquari e o lago Guaíba tendem a transbordar, causando alagamentos. A condição de inundação foi indicada para diversas bacias, incluindo Ibicuí, Uruguai, Jacuí, Pardo e Pardinho, Taquari, Caí, Paranhana, Sinos, Gravataí, e o Guaíba na região das ilhas e cais de Porto Alegre.

As regiões com maior risco de impacto são a Serra, o Vale do Taquari, o Vale do Rio Pardo, a metade norte do estado, a Região Metropolitana de Porto Alegre e o Litoral Norte. Além da chuva intensa, há previsão de temporais com granizo e rajadas de vento superiores a 70 km/h.

Domingo de inverno rigoroso

Segundo a MetSul Meteorologia, o domingo (29) será um “dia clássico de auge do inverno” no estado, com muita nebulosidade, períodos de chuva e garoa, frio intenso e vento forte, que pode atingir rajadas entre 60 km/h e 80 km/h, especialmente no sul e leste gaúcho. O vento, somado às baixas temperaturas, trará uma sensação térmica muito reduzida.

O governador Eduardo Leite reforçou seu pedido para que as pessoas “saiam das áreas de risco”, enfatizando que a medida é “por apenas uma noite”, e que a normalidade deve retornar na tarde de domingo. Leite assegurou que o governo estadual e as prefeituras parceiras montaram e adequaram abrigos para receber aqueles que não tiverem para onde ir. Ele destacou que o foco das equipes estaduais e municipais é em ações preventivas, como a remoção de famílias de áreas vulneráveis – beiras de rios e encostas – e a recomendação para evitar a circulação em rodovias que possam ser afetadas.

O governador pediu a colaboração da população e que se mantenham informados pelas redes sociais oficiais dos órgãos. Leite visitou cidades como Caxias do Sul, Santa Cruz do Sul e Lajeado para coordenar as ações e reforçar a importância de remover famílias para evitar “perdas de vidas, que são irreparáveis”.

Situação crítica em Eldorado do Sul

A Defesa Civil de Eldorado do Sul emitiu um alerta específico para as 5.361 pessoas desalojadas e 345 desabrigadas pelas chuvas recentes, pedindo que não retornem às suas casas nos próximos dias.

O secretário municipal da Reconstrução, Resiliência Climática e Defesa Civil, Mário Rocha, explicou que o volume de água nos rios Taquari e Jacuí, que vêm das regiões mais altas do estado, começará a aumentar e deve atingir o “pico” da cheia em Eldorado do Sul e no lago Guaíba entre segunda (30) e terça-feira (1º).

Rocha alertou que o retorno antecipado às áreas de risco não só coloca as pessoas em perigo, mas também pode “atrapalhar toda a operação” de segurança. O aviso se aplica a moradores de 11 bairros específicos, incluindo Assentamento Irga, Chácara, Vila da Paz, Cidade Verde, Itaí, Sol Nascente, San Souci, Centro, Medianeira, Loteamento Popular e Picada.

Mobilização e Gabinetes de Crise

O Governo do Estado do Rio Grande do Sul ativou novos Gabinetes de Crise em Santa Cruz do Sul, Caxias do Sul e Lajeado para coordenar a atuação integrada das forças de segurança, secretarias estaduais e órgãos municipais.

Em Santa Cruz do Sul, o gabinete opera sob o modelo de Sistema de Comando de Incidentes, com foco nos rios Castelhano, Jacuí, Pardinho e Pardo, abrangendo 23 municípios com planos de contingência ativados e remoção preventiva em curso desde quinta-feira (26).

Na Serra Gaúcha, o Gabinete de Crise está no Centro Integrado de Operações (CIOp) de Caxias do Sul, com 450 profissionais das forças de segurança mobilizados para os 49 municípios da 9ª Coordenadoria Regional de Proteção e Defesa Civil.

Em Lajeado, o gabinete funciona no quartel do Corpo de Bombeiros Militar, focando na remoção preventiva e reforço da assistência social. No total, a Defesa Civil do Estado mobilizou 404 bombeiros militares, 150 policiais militares, cinco aeronaves e 77 viaturas e embarcações para atuar nas três regiões de maior risco: Vale do Rio Pardo, Serra e Vale do Taquari.

Embora a previsão seja de um grande volume de chuvas concentrado em pouco tempo, o secretário Mário Rocha ressaltou que o cenário atual “nada é comparável ao cenário de maio de 2024”. Para a próxima semana, a previsão é de melhora: na segunda-feira (30), o tempo deve voltar a ficar estável em todo o estado, com uma queda acentuada nas temperaturas, que podem atingir mínimas entre -1°C e 7°C.