24 de abril de 2025

Guerras mudam mapa do gasto militar global – 15/02/2025 – Opinião

A imagem mostra dois aviões de combate F-35 estacionados em um porta-aviões. Há várias pessoas ao redor dos aviões, algumas vestindo uniformes de trabalho, enquanto o mar está visível ao fundo. A superfície do porta-aviões é visível, com marcas e linhas que indicam áreas de operação.

Desde que a Rússia de Vladimir Putin enviou seus tanques através da fronteira ucraniana, na invasão que completará três anos no próximo dia 24, o mundo tornou-se cada vez mais uma praça de armas.

O investimento dos países em defesa saltou de 1,59% do PIB planetário em 2022 para 1,80% no ano seguinte e 1,94%, no passado. Nunca, desde a Segunda Guerra Mundial, gastou-se tanto com Forças Armadas.

Os dados sobre a despesa militar global, relatados anualmente pelo britânico Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, permitem também vislumbrar as mudanças no mapa bélico.

A Europa, berço das duas guerras mundiais, é o exemplo mais gritante, obra da insegurança gerada pela agressão russa que Donald Trump parece querer recompensar com sua proposta de negociar a paz com Putin.

Lá, a Alemanha rompeu com pruridos pelo passado e abriu o bolso. Passou de sétimo para quarto maior investidor em defesa do mundo, despendendo US$ 86 bilhões em 2024, 23,2% a mais do que em 2023.

Pela primeira vez desde a Guerra Fria, irá gastar mais com armamentos que os 2% do PIB recomendados pela Otan, a aliança militar liderada pelos EUA.

Ainda assim, mantém-se longe da campeã continental, a Polônia com seus 4,12% do produto aplicados em defesa —e em 15º lugar no ranking britânico de valores absolutos, subindo cinco posições em quatro anos.

A Ucrânia sob ataque gastou os mesmos US$ 28,4 bilhões, mas nesse caso a maior parte vem da ajuda militar externa. É o país com maior gasto mundial em relação a seu PIB, 15,4%.

O caso polonês aponta também para a internacionalização da defesa: o país se tornou um dos principais clientes da indústria da Coreia do Sul —aliás 10º posto.

Logo acima da dupla do Leste Europeu está outra novidade geopolítica, Israel. Afundado nas guerras decorrentes do ataque do Hamas em 2023, o Estado judeu investiu US$ 33,7 bilhões no setor, estimulando sua indústria e fornecedores americanos.

Outros atores aparecem mais discretamente do ponto de vista nominal, mas com aporte pesado. Caso da Argélia, com 8,6% do PIB, que acaba de se converter na primeira cliente externa da nova geração de caças russos.

No topo da lista estão as maiores potências militares. Em terceiro está a Rússia, com 6,7% do PIB gastos no setor. Ajustada pelo poder de compra da moeda, sua despesa equivale à de todos os 30 países europeus da Otan.

O colosso chinês vem em segundo lugar. Despende nominalmente, contudo, pouco mais de um quinto do quase US$ 1 trilhão dos campeões Estados Unidos.

A maior potência da história gastou em um único dia quase o dobro do que o Brasil investiu em defesa —pessoal e custeio à parte— no ano passado. Na periferia da geopolítica, os brasileiros seguem tímidos, tendo caído para o 17º lugar no ranking.

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Fonte ==> Folha SP

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