Enquanto muitos olhares do mercado se concentram nos grandes centros urbanos, o verdadeiro motor do varejo brasileiro pode estar nas cidades médias e regiões periféricas.
Dados recentes indicam que o interior já responde por mais de 55% do consumo nacional, o que mostra que mais da metade do poder de compra do país migra para além das capitais. Essa mudança estrutural inaugura desafios e oportunidades inéditas para empreendedores fora dos polos tradicionais.
Para entender esse movimento é preciso observar quem já ousou inovar no interior. Um exemplo vem do estado do Rio de Janeiro, onde o empresário Thiago Andrade de Oliveira liderou uma rede de supermercados em cidades emergentes e implementou ferramentas tecnológicas ainda pouco exploradas no varejo local. “A diferença competitiva no interior não está em preço, está em eficiência, diferencial e credibilidade digital”, comenta o empresário ao refletir sobre os riscos e as recompensas de empreender fora das capitais.
As cidades médias, com população entre 50 mil e 500 mil habitantes, vêm desempenhando papel estratégico na economia nacional. Elas conectam zonas rurais às regiões metropolitanas e absorvem grande parte do consumo que antes migrava para as capitais. Estudos recentes sobre governança urbana apontam que essas localidades têm apresentado dinamismo econômico acima da média, com crescimento populacional, melhoria em infraestrutura e avanço em serviços, o que as torna terreno fértil para quem aposta em inovação descentralizada.
Para Thiago, a adoção de criptomoedas foi uma estratégia que, além de pioneira, serviu como ferramenta de posicionamento e diferenciação. “Mesmo no interior, o consumidor exige praticidade e modernidade. Num momento em que grandes redes concentram esforços nas capitais, inovar nas cidades menores gera um impacto muito maior”, afirma. Ele reforça, no entanto, que isso exige preparo institucional, sistemas seguros e parcerias confiáveis com fornecedores de tecnologia.

O cenário macro do varejo nacional apresenta sinais mistos. Indicadores de comércio mostram que, embora o setor mantenha relevância econômica, há desaceleração em alguns segmentos, o que reforça a necessidade de adaptação e eficiência. Para Thiago, esse contexto exige que empreendedores regionais invistam não apenas em presença física, mas em reputação digital, canais híbridos de venda e estratégias tecnológicas de fidelização.
O empresário também lembra que operar no interior traz particularidades: menor densidade de concorrência, logística mais desafiadora e menor escala, mas também custos operacionais reduzidos e maior proximidade com o cliente. “No interior, você pode testar inovações com mais liberdade, aprender rápido, ajustar erros e, quando algo dá certo, escalar com autoridade regional”, explica.
A experiência de Thiago Andrade de Oliveira evidencia um caminho possível para o desenvolvimento econômico sustentável no Brasil: a valorização da inovação regional, o fortalecimento do varejo tecnológico e o protagonismo de empreendedores dispostos a investir onde muitos ainda veem risco. A transformação fora dos grandes centros não é apenas uma tendência, mas uma necessidade estratégica para que o país cresça de forma equilibrada e conectada com o futuro.