No direito sucessório brasileiro, o inventário é, muitas vezes, sinônimo de lentidão.
Processos que envolvem grandes volumes de bens, múltiplos herdeiros e questões documentais delicadas costumam se arrastar por anos, gerando desgaste emocional e, não raramente, perdas financeiras significativas. A média nacional para a conclusão de inventários judiciais supera dois anos, segundo levantamento do CNJ.
No entanto, uma gestão processual estratégica pode encurtar significativamente esse prazo. Isso passa por um diagnóstico preciso do acervo patrimonial, organização documental prévia, utilização de meios consensuais para evitar litígios e acompanhamento próximo de prazos e exigências judiciais. Em casos de consenso entre herdeiros, o inventário extrajudicial — realizado em cartório — pode ser uma alternativa mais ágil, desde que atendidos os requisitos legais.
A advogada Simone Casarini, especialista em Direito Cível e com histórico de condução de inventários de grande porte, explica que a agilidade depende de um conjunto de fatores:
“Não é apenas sobre conhecer a lei, mas sobre mapear o processo de forma estratégica. Antecipar a coleta de documentos, evitar incidentes processuais e manter um fluxo de comunicação constante com todas as partes envolvidas são ações que podem reduzir meses — ou até anos — do tempo total do inventário.”
Simone destaca um caso recente em que finalizou um inventário de patrimônio superior a R$ 1 milhão, envolvendo imóveis, valores em espécie e fundos, em pouco mais de três meses. “Quando há organização, alinhamento entre herdeiros e atuação jurídica proativa, é possível transformar um processo que seria longo e oneroso em uma solução eficiente e segura”, afirma.
A gestão inteligente também pode impactar positivamente a preservação do patrimônio, evitando a deterioração de ativos ou a desvalorização de investimentos durante o processo. Em mercados voláteis, a demora na partilha pode representar perdas irreversíveis.
Com o aumento da demanda por inventários — reflexo do envelhecimento populacional e do crescimento patrimonial de famílias brasileiras —, advogados e herdeiros que adotam práticas preventivas e estratégicas tendem a obter resultados mais rápidos e satisfatórios. No cenário atual, eficiência processual não é apenas uma vantagem: é um diferencial competitivo na advocacia sucessória.