10 de junho de 2025

Investimentos X dividendos – 18/05/2025 – Opinião

Um homem com cabelo grisalho e barba, vestido com uma camisa laranja de trabalho com faixas refletivas, está falando em um microfone. Ele levanta uma mão, gesticulando enquanto se expressa. Ao fundo, há uma imagem de um pôr do sol e outras pessoas estão ao seu lado, algumas vestindo camisas semelhantes. O ambiente parece ser um evento público.

O derretimento do preço do petróleo vai testar a capacidade da gestão da Petrobras para manter a saúde financeira da empresa ao mesmo tempo em que atende à demanda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para atuar como um motor do crescimento econômico.

Na semana passada, ao divulgar o balanço do primeiro trimestre de 2025, a presidente da estatal, Magda Chambriard, afirmou que “é hora de apertar os cintos”. Disse que a empresa não suspenderá projetos, mas prometeu uma gestão mais austera.

A fala não caiu bem em sindicatos que apoiaram tanto a eleição de Lula quanto a nomeação de Magda em substituição a Jean Paul Prates no comando da estatal e veem contradição entre a promessa de austeridade e a distribuição de R$ 11,7 bilhões em dividendos pela companhia.

A fórmula para o cálculo dos dividendos está ligada à geração de caixa, a gestão da estatal não tem muita margem de manobra nesse sentido. A aceleração do investimento reduziria o dividendo, sim, mas com algum impacto na atratividade da companhia e no caixa do próprio governo.

Há alguma margem para elevar o endividamento, já que o indicador de dívida está abaixo do teto. Mas o histórico da empresa demanda cautela: a Petrobras se tornou nos anos 2010 a petroleira mais endividada do mundo, o que lhe trouxe sérios problemas durante o ciclo de queda do petróleo em meados daquela década.

A situação, portanto, já não é tão confortável como quando Lula assumiu, com petróleo cerca de US$ 20 por barril mais caro do que o atual e a perspectiva de manter elevados tanto os investimentos quanto os dividendos pagos aos acionistas.

Projeções do mercado apontam que o petróleo permanecerá na casa dos US$ 60 por algum tempo. Uma gestão austera nesse cenário demandaria olhar com lupa todos os gastos da companhia, incluindo as desejadas obras em refinarias, petroquímicas e fertilizantes, e suas cerimônias com imagens de Lula em meio aos trabalhadores que se encaixariam perfeitamente na campanha à reeleição.



Fonte ==> Folha SP

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