24 de abril de 2025

Justiça suspende eleições internas da Rede em meio a embates entre grupos de Marina e Heloísa Helena

Justiça suspende eleições internas da Rede em meio a embates entre grupos de Marina e Heloísa Helena

Uma decisão da Justiça do Distrito Federal assinada nesta quinta-feira 10 ampliou a queda de braço pelo comando da Rede Sustentabilidade. Uma liminar do desembargador Fábio Eduardo Marques determinou a suspensão do congresso partidário previsto para este final de semana para escolher o novo porta-voz nacional da sigla.

Este é mais um capítulo do embate que opõe os grupos da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e da ex-senadora Heloísa Helena.

Ao suspender o encontro da Rede, o magistrado da 5ª Turma Civil do TJDFT afirmou haver indefinição sobre a composição do colégio eleitoral, o que representaria risco de um gasto irreversível de 1 milhão de reais em recursos públicos. O processo tramita sob segredo de Justiça, mas a reportagem teve acesso aos principais trechos da decisão.

Um dia antes, o tribunal havia determinado que a atual direção entregasse uma lista de documentos que comprovasse a legalidade do processo eleitoral. A exigência foi cumprida, mas, no entendimento de Marques, não foi suficiente.

A ação na Justiça do DF partiu de Giovanni Mockus, aliado de Marina que postula o comando da Rede. “A decisão de suspensão do Congresso até a definição do colégio eleitoral é importante para averiguarmos as dezenas de denúncias e garantirmos a verdade eleitoral do partido. Nosso objetivo é garantir que nenhum filiado tenha sequestrado o seu direito de decidir”, disse o dirigente após a liminar.

Quando questionou o processo eleitoral interno, Mockus apontou indícios de fraudes em conferências estaduais — irregularidades que já eram alvo de outras ações judiciais. No Rio de Janeiro, por exemplo, os delegados foram suspensos, o que impediria inclusive o voto de Heloísa Helena. Ele também alegou que seu grupo não teve acesso à lista oficial de delegados aptos a votar.

No mês passado, a legenda enfrentou disputas judiciais em ao menos cinco estados. Em Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Espírito Santo, o grupo de Marina denunciou irregularidades, como filiações supostamente feitas sem consentimento. O caso mais emblemático ocorreu na Bahia, onde duas convenções paralelas foram realizadas.

Hoje no comando da legenda, a ala ligada à ex-senadora tenta emplacar o atual secretário de Relações Institucionais de Belo Horizonte, Paulo Lamac, como próximo porta-voz da Rede.

O racha no partido tem como pano de fundo algumas divergências relacionadas à base teórica da agremiação. Enquanto Marina se declara “sustentabilista”, Heloísa defende o “ecossocialismo”, que associa a preservação ambiental à mudança do sistema econômico. As duas foram aliadas no passado e entre 1999 e 2003, por exemplo, dividiram a bancada do PT no Senado.

A ex-senadora deixou o diretório petista em 2003 após votar conta à reforma da Previdência proposta pelo primeiro mandato de Lula. Heloísa ajudou a fundar o PSOL e, depois, juntou-se a Marina quando a ambientalista criou a Rede Sustentabilidade, em 2015.

Nos últimos anos, as diferenças das duas ficaram evidentes. Em 2022, Marina apoiou a eleição de Lula, enquanto Heloísa esteve ao lado de Ciro Gomes (PDT).

A tensão aumentou quando, ainda em 2023, Heloísa Helena lançou uma chapa contra a ala de Marina para o comando nacional da Rede e venceu a disputa. Procurada, a Rede Sustentabilidade ainda não comentou. O espaço segue aberto.



Fonte ==> Casa Branca

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