Kino tem uma lembrança viva da primeira vez que veio ao Brasil, para show do grupo de k-pop Pentagon, em 2019. “Os fãs estavam agitados e pulando muito. Deixaram a casa tão quente que todos os ar-condicionados quebraram. Achei que ia desmaiar”, diz.
O calor que fez naquele dia não estava diferente neste domingo (9), na sua segunda passagem pelo país. Mas uma coisa mudou bastante: desta vez, ele veio para uma apresentação como artista solo, em sua primeira turnê mundial sozinho.
O cantor e dançarino de 27 anos debutou há nove anos como parte do Pentagon, criado pela Cube, uma das principais gravadoras do pop da Coreia do Sul, junto a outros nove garotos. Em outubro de 2023, não renovou o contrato. Dois meses depois, lançou a própria empresa para gerenciar sua carreira. Ele, no entanto, continua na boyband.
Kino sempre demonstrou interesse por compor músicas e até ajudou na produção de algumas canções do grupo, mas ficava limitado. Graduado em dança, também cria coreografias. Agora, ele tomou as rédeas do próprio trabalho. “Como membro do Pentagon, eu focava em ser descolado e fazer sucesso. Agora, foco em falar honestamente com as pessoas, quero mostrar meu verdadeiro eu”, disse em entrevista.
Em 2022, ele estreou solo ainda pela gravadora. Desde que criou sua empresa, lançou um EP e mais quatro singles —incluindo uma música com o canto de torcida de time de futebol brasileiro. Neles, aborda temas como amor e ansiedade. “No grupo, falava de assuntos diversificados. Agora, consigo falar sobre assuntos pessoais. É um tipo de música que as pessoas podem se relacionar”, afirma.
Ao mesmo tempo em que toma as decisões da carreira, ele tem mais liberdade de agir como bem entende. O cantor criou um programa no YouTube no qual conversa com outros ídolos de k-pop de forma descontraída. Num dos episódios, perguntou abertamente a Yugyeom, do GOT7, quando tinha sido a última vez que ele tinha visto pornô.
Se estivesse numa empresa grande, talvez encarasse problemas por isso. “Hoje em dia as pessoas conseguem aceitar esses lados que não eram tão falados dos ídolos”, afirma. Ele observa, porém, que ainda precisa da aprovação de outras pessoas de sua equipe.
Outra memória que Kino tem do show de 2019 é a de ouvir os fãs cantando as músicas do Pentagon em coreano, antes de subir ao palco. Desta vez, não foi diferente. O Carioca Club, na zona oeste, não estava cheio: a plateia tinha cerca de 400 pessoas. Mas os fãs cantaram alto todas as canções.
O cantor passou por 11 cidades nas Américas e fez show em clima de despedida em São Paulo, a última parada da turnê. A apresentação não teve firulas e Kino estava acompanhado de um baterista e um guitarrista –algo incomum no k-pop, que não costuma ter banda ao vivo. Além disso, ele não usou playback, ferramenta comum.
Kino cantou, tocou piano e dançou. Foi para a plateia cantar “Valentine”. Chamou cinco fãs para dançar com ele no palco. Demonstrou bastante animação durante as performances, e vira e mexe parava para elogiar a energia do público. “É disso aqui que eu precisava, é disso que eu sentia falta”, disse.
Despejou água nele mesmo, se jogou no chão e disse que estava cansado. Além de suas canções, como “Skyfall” e “Everglow”, ele incluiu músicas do Pentagon na setlist, como o hit “Shine”, “Call My Name” e “Daisy”, esta a pedido dos fãs. Encerrou com “Back in Time”, que ainda não foi lançada, vestindo a camiseta da seleção brasileira.
No fim, era ele quem não queria ir embora. “Brasil, eu te amo pra caralho. Faz quase seis anos desde que vim ao país, mas mantive a promessa de que voltaria”, disse. “Vocês continuam quentes.”
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Fonte ==> Folha SP