Sem mencionar o incêndio que ocorreu na COP 30, em Belém, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira (20) que “hoje está feliz” – repetidas vezes. O motivo é o anúncio dos Estados Unidos de remover a tarifa de 40% sobre vários produtos agrícolas brasileiros.
“Hoje eu estou muito feliz porque o presidente Trump já começou a reduzir algumas taxações que ele tinha feito a produtos brasileiros”, disse Lula durante a abertura do Salão Internacional do Automóvel, em São Paulo.
As tarifas impostas pelos EUA vinham sendo aplicadas desde agosto sobre produtos brasileiros diversos exportados para o mercado americano, como café, carnes bovinas, frutas e óleos essenciais. A sobretaxa chegou a causar um desgaste diplomático entre os dois países.
Segundo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a medida é retroativa e vale para produtos que entraram no território americano a partir de 13 de novembro. A decisão faz menção à conversa telefônica entre Lula e Trump em 6 de outubro, quando decidiram iniciar as negociações sobre as tarifas.
“O presidente Trump recebeu recomendações de altos funcionários do seu governo de que certas importações agrícolas do Brasil não deveriam estar mais sujeitas à tarifa de 40% em função do “avanço inicial das negociações” com o governo brasileiro”, disse o Itamaraty em nota.
Lula disse também que quando Trump anunciou o tarifaço, “todo mundo entrou em crise, ficou nervoso”, dando a entender que ele preferiu aguardar.
“Eu não consigo tomar decisão quando eu estou com 39 graus de febre. Eu espero a febre abaixar”, declarou. “Essas coisas (medidas) vão acontecer à medida que a gente conseguir galgar respeito das pessoas. Ninguém respeita quem não se respeita”, afirmou o presidente.
Posteriormente, Lula postou em suas redes sociais que a derrubada da taxa de 40% sobre alguns produtos agrícolas brasileiros é “uma vitória do diálogo, da diplomacia e do bom senso”.
“O diálogo franco que mantive com o presidente Trump e a atuação de nossas equipes de negociação, formada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Fernando Haddad e Mauro Vieira pelo lado brasileiro, possibilitaram avanços importantes. Esse foi um passo na direção certa, mas precisamos avançar ainda mais”, disse, afirmando que continuará dialogando com Trump.
Apesar das declarações, analistas afirmam que a inflação dos alimentos nos EUA é a principal preocupação de Trump ao retirar tarifas sobre produtos agrícolas do Brasil e de outros países.
Entidades comemoram redução
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Amcham Brasil, que representam vários setores, consideraram a decisão anunciada hoje pelos EUA um avanço positivo e com efeitos imediatos para a competitividade dos produtos brasileiros.
“A nova medida volta a tornar os nossos produtos competitivos, uma vez que a remoção das tarifas recíprocas, de 10%, na última semana, havia deixado nossos produtores em condições menos vantajosas”, disse o presidente da CNI, Ricardo Alban.
CNI e Amcham, no entanto, destacam que ainda é preciso intensificar o diálogo entre os dois países para que a decisão de tirar as sobretaxas possa abranger outros produtos ainda impactados, em especial os bens da indústria brasileira. No setor de máquinas e equipamentos, os EUA são o principal mercado de exportação brasileira.
Incêndio e COP 30 ignorados
No evento automobilístico, Lula também disse estar feliz também porque assinou 28 decretos para legalizar terras para comunidades quilombolas. O petista postou várias fotos com empresários e veículos, mas até agora não citou nada sobre o incêndio na COP 30.
O fogo começou na “Zona Azul”, onde ficam os pavilhões dos países. As causas ainda estão sendo investigadas, mas acredita-se que o incêndio começou a partir de um curto-circuito.
Houve correria e tumulto, os debates entre diplomatas que aconteceriam naquela zona foram interrompidos e toda a área foi evacuada. Ao menos três pessoas foram hospitalizadas e 13 foram atendidas por inalação de fumaça.
A COP 30 é a atual menina dos olhos de Lula, onde ele tem concentrado seus esforços para projetar uma imagem internacional, mas sem muito êxito. Esse não é o primeiro problema. O evento vem sendo marcado por uma série de falhas mesmo antes de começar.
Além dos preços abusivos para hospedagem, houve invasão de manifestantes, falta de comida nos restaurantes e até banheiros interditados por falta de água.
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Fonte ==> Gazeta


