A Mercedes-Benz segue em busca de caminhos sustentáveis para seus veículos pesados no Brasil. Décadas após desistir do etanol e do gás natural veicular (antes de surgir o conceito renovável do biometano), a montadora aposta agora em uma variação do biodiesel, que será testada na estrada.
Um comboio formado por dois caminhões Actros Evolution com motor BlueTec de 550 cv, o mais potente da marca no Brasil, e dois ônibus rodoviários O 500 RSD (380 cv) estão fazendo uma viagem de Passo Fundo (RS) a Belém (PA), com paradas em São Bernardo do Campo (ABC) e Brasília. O ponto de partida foi a fábrica da Be8, empresa que fornece o combustível.
A expedição se chama Rota Sustentável COP30, já que o destino final é a conferência sobre clima da ONU (Organização das Nações Unidas), que será realizada na capital paraense em novembro. A frota será exposta no espaço da Mercedes na “green zone”, local que reúne empresas, entidades e ONGs .
O biodiesel foi batizado de BeVant e, segundo a fabricante, tem potencial para reduzir em até 99% as emissões do tanque à roda em relação ao diesel de origem fóssil.
A viagem vai comparar o desempenho da nova alternativa com o diesel disponível hoje nos postos, o B15 (com 15% de biodiesel na composição). As medições de consumo, desempenho e durabilidade serão feitas pelo IMT (Instituto Mauá de Tecnologia), que é parceiro da Folha nos testes de automóveis comercializados no Brasil.
Segundo a Be8, sua opção pode ser usada pura nos motores. Isso significa que o veículo poderia rodar usando apenas o combustível renovável elaborado a partir de óleos vegetais e gordura de origem animal.
A empresa diz que o processo de produção de seu combustível evita os problemas comuns à essa solução, sendo o principal deles a formação de uma borra que prejudica o motor e seus periféricos. Os problemas têm dificultado a implementação da tecnologia e preocupado os frotistas, devido aos gastos constantes com manutenção.
O longo teste vai mostrar se a nova opção é viável ou não. O preço do litro do BeVant é cerca de 10% maior que o do diesel vendido hoje nos postos. Entretanto, o valor estimado é 70% menor que o custo do HVO (sigla em inglês para óleo vegetal hidrotratado), opção que vinha sendo trabalhada pela Mercedes no Brasil.
Em um comunicado, a montadora afirma que acumula experiências significativas voltadas à descarbonização no transporte. Outra alternativa em teste é o ônibus elétrico urbano eO500U, que teve 400 unidades vendidas para a cidade de São Paulo.
“Na nossa estratégia, os biocombustíveis representam uma solução viável e imediata para reduzir as emissões de CO₂ e, especialmente, em aplicações onde a eletrificação ainda enfrenta desafios de infraestrutura”, diz, em nota, Luiz Carlos Moraes, diretor de relações institucionais da Mercedes do Brasil.
Fonte ==> Folha SP


