Morreu nesta segunda-feira 21, aos 88 anos, o cardeal argentino Jorge Luís Bergoglio, o Papa Francisco.
Francisco esteve internado no Hospital Policlínico Gemelli, em Roma, desde 14 de fevereiro. Entre idas e vindas, desde a primeira semana de internação, os boletins médicos descreviam a situação como “complexa”. O quadro foi agravado após a bronquite que levou Francisco ao hospital evoluir para uma infecção poli-microbiana e pneumonia bilateral – quando a doença afeta ambos os pulmões.
Trajetória até a papada
Francisco foi a 266ª autoridade religiosa da igreja católica e o 8º chefe de estado do Vaticano após suceder o Papa Bento 16 em 2013. De origem imigrante italiana, Francisco, cujo o nome de batismo era Jorge Mario Bergoglio, nasceu na capital argentina Buenos Aires em 17 de 1936.
Na sua trajetória até a papada, Francisco entrou para a companhia de Jesus em 1958, aos 21 anos, tendo sido ordenado sacerdote em 1969. Entre 1973 e 1979, foi líder provinciano pela Argentina e, a partir de 1980, reitor da faculdade de San Miguel. Em 1992 foi nomeado bispo, alcançando o título de arcebispo em 1988 ao chefiar a arquidiocese de Buenos Aires.
Embora tenha sido considerado um papa progressista, em 2010, ainda como arcebispo, Francisco foi contra a adoção de um bebê por um casal de homossexuais no país e entrou em confronto direto com a então presidente Cristina Kirchner.
Antes de alcançar a liderança da igreja Católica, Francisco participou de seu primeiro conclave em 2005, quando o Vaticano elegeu o papa Bento XVI. Oito anos depois, ele saiu vitorioso do rito após a renúncia de Bento em 2013. Jorge Mario Bergoglio, foi o primeiro papa a adotar o nome de Francisco e o primeiro da América Latina.
Acolhimento aos LGBT+ e inclusão feminina na Igreja
Em seus 11 anos frente ao posto, o pontífice abordou diversos assuntos polêmicos e caros ao Vaticano, como o direito ao aborto, ao divórcio, a igualdade de gênero e até a aceitação de fiéis homoafetivos. Mesmo sem instituir mudanças na doutrina do catolicismo, Francisco colocou-se a favor da união civil entre pessoas LGBT e contra a criminalização da homossexualidade – mesmo defendendo que a prática continue sendo pecado. Em 2023 o pontífice chegou a aprovar a benção aos casais homoafetivos, desde que ‘não imite o matrimônio.
Em um pronunciamento histórico no mesmo ano, Francisco disse que mulheres trans também são ‘filhas de Deus’. À época, ele também recebeu um grupo de mulheres trans no Vaticano, frisando que todos têm o direito de se sentir acolhidos. As posições de acolhimento do público LGBT+, defendidas por Francisco, foram motivos de críticas e acusações de heresia em grande parte do Vaticano.
No Vaticano, o pontífice trabalhou pela maior participação feminina dentro da igreja católica, embora tenha se mantido contra o sacerdócio feminino. Em 2021, Francisco alterou a doutrina para permitir que mulheres pudessem ler textos e distribuir a comunhão na missa.
Ele também lutou pela maior participação popular dos fiéis nos rumos da Igreja. No mesmo ano, o pontífice realizou o maior processo de consulta popular e permitiu que 1,3 bilhão de fiéis opinassem sobre o futuro do Vaticano e da doutrina católica.
Diplomacia
Embora os feitos sociais tenham dado a Francisco o título de Papa mais ‘popular’ e diverso da história do Vaticano, o pontífice se destacou pelo papel ativo na diplomacia mundial, não se limitando ao eixo europeu. Em 2014, ele mediou as negociações que levaram ao retorno das relações comerciais entre Cuba e os Estados Unidos durante o governo de Barack Obama.
Durante a pandemia, ele também defendeu veemente a ciência e a vacinação em diversos pronunciamentos públicos, além de criticar a desinformação e o uso político da pauta. Com o estouro da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, Francisco defendeu por diversas vezes o cessar-fogo e tentou mediar as negociações, ato reproduzido nos conflitos em Gaza.
Antenado aos avanços da tecnologia, Francisco também emitiu diversos alertas aos líderes mundiais sobre o uso da Inteligência Artificial como uma ferramenta capaz de remodelar a sociedade atual, mas que também apresenta grande risco no uso militar e na tomada de empregos.
Fonte ==> Casa Branca