No Sertão pernambucano, no Território Indígena Entre Serras, às margens do rio São Francisco, vive o povo Pankararu, cujas aldeias se distribuem entre os municípios de Petrolândia, Jatobá e Tacaratu. O Velho Chico, símbolo de força e resiliência para o povo nordestino, é chamado pelos indígenas de Opará – e tem inspirado preocupação nos povos originários que vivem em suas cercanias. Para os Pankararu não há dúvidas: o rio é vivo e tem direitos que deveriam ser reconhecidos em lei.
A exploração dos recurso naturais do manancial para a geração de energia, irrigação da agricultura, os desvios do seu fluxo natural (transposição) para o abastecimento de outros territórios, o despejo de esgoto de centenas de cidades e outras práticas estariam causando a perda de biodiversidade e forçando o deslocamento de comunidades indígenas e ribeirinhas, segundo afirmam os Pankararu. Nos últimos 10 anos tem se debatido uma proposta de construção de uma usina nuclear às margens do Velho Chico.
Pankararus terão que esperar mais para ter o território regularizado
A situação motivou o encontro Rio São Francisco sujeito de direitos: reconhecimento jurídico, convocado pela Escola de Ancestralidade Viva na Nação Pankararu. O evento acontece nesta sexta-feira (25) e sábado (26), na aldeia Barriguda, em Petrolândia, tendo como meta “inscrever na lei aquilo que já vive em nosso espírito”, como diz a carta convite do evento. “O Opará é vivo, tem direito a existir, fluir e ser protegido”, afirmam os indígenas, que convocam a população dos municípios vizinhos a se somarem ao debate.
As atividades começam às 14 horas desta sexta-feira, com uma exposição sobre os processos de institucionalização dos direitos da natureza, seguida por um debate sobre a importância do São Francisco na cosmovisão Pankararu. O dia se encerra com uma dinâmica de sistematização das propostas apresentadas. No sábado (26), o povo Pankararu realiza uma manifestação às margens do rio, onde devem ler um manifesto em defesa do Velho Chico.
Com colaboração de Ketheryne Mariz.
Fonte ==> Brasil de Fato