22 de agosto de 2025

O desafio da pavimentação sustentável no Brasil e as soluções que podem transformar cidades

O setor de infraestrutura brasileiro enfrenta um dilema histórico: como ampliar a malha viária e garantir manutenção de qualidade diante de restrições orçamentárias e da crescente demanda por soluções sustentáveis.

A dependência quase absoluta do Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP), aliado ao alto custo das obras e à falta de alternativas de longo prazo, faz da pavimentação uma das áreas mais desafiadoras para gestores públicos e concessionárias.

Nos últimos anos, no entanto, novas tecnologias têm surgido para enfrentar esse desafio. Entre elas, o Eco Asfalto, uma solução desenvolvida no Brasil que reaproveita resíduos plásticos para substituir parte do CAP. O resultado é um pavimento mais resistente, com maior durabilidade e que ainda reduz o impacto ambiental. Estima-se que cada quilômetro pavimentado com essa tecnologia retire cerca de 80 mil garrafas plásticas de aterros e oceanos.

Além da contribuição ambiental, os ganhos econômicos são expressivos. Estudos indicam que a adoção de soluções sustentáveis no setor pode reduzir em 3% a 7% o custo total do ciclo de vida da obra, graças à maior durabilidade e à diminuição da necessidade de manutenção. Para municípios e concessionárias, isso significa não apenas economia orçamentária, mas também estradas mais seguras e de melhor qualidade para a população.

A experiência brasileira já mostrou resultados concretos. Trechos pavimentados com o Eco Asfalto foram entregues em diferentes cidades e rodovias, comprovando que a tecnologia é viável em escala comercial. Especialistas apontam que iniciativas como essa podem representar um divisor de águas para o país, que precisa alinhar a expansão da infraestrutura viária às metas globais de sustentabilidade e às demandas internas por eficiência de gastos públicos.

O desafio, agora, é transformar inovações pontuais em política de Estado. A adoção de critérios sustentáveis em licitações e a criação de linhas de incentivo para tecnologias verdes na infraestrutura são vistas como passos fundamentais para acelerar essa transição. “O Brasil não pode perder a oportunidade de transformar seus problemas ambientais em soluções de alto valor agregado. O futuro da pavimentação passa por aliar desempenho técnico, redução de custos e impacto socioambiental positivo”, avalia a equipe técnica que desenvolveu a solução.

Enquanto países desenvolvidos avançam em políticas de economia circular e em alternativas ao uso intensivo de petróleo, o Brasil começa a construir seu próprio modelo, baseado em inovação local e nas necessidades reais de suas cidades. A pavimentação sustentável pode ser a chave para integrar competitividade econômica, responsabilidade ambiental e qualidade de vida, reposicionando o país no debate global sobre infraestrutura.

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