25 de agosto de 2025

O fim do hype: inovação tem que entregar resultado. E ponto

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Por anos, a inovação foi o brinquedo novo do mundo corporativo. Criaram labs futuristas, compraram post-its coloridos, tiraram fotos em eventos de tecnologia. Resultado? Muita fumaça e pouco fogo. Ideias brilhantes que não saíram do papel. Pilotos que nunca viraram negócio. Milhões investidos para… nada. Muitas empresas perderam muito dinheiro e, no fim, o resultado não foi tão claro assim.

Falo disso com alguma propriedade: me considero um economista inovador — ou inovador economista como preferir. Passei mais de uma década liderando projetos de inovação em multinacionais da indústria automotiva, onde a pressão por resultados financeiros claros e economia de recursos era intensa. Nessas experiências, aprendi a inovar de forma pragmática, focando em provar e entregar ganhos reais, para além do entusiasmo passageiro. 

Essa vivência me ensinou uma coisa simples: o problema não é a inovação em si, mas a forma como ela é conduzida no mercado.

Muitas vezes, ela foi tratada como um desfile de modismos, e não como uma área estratégica. O hype vendeu a ilusão de que disruptivo era mais importante que útil. Que qualquer coisa nova valia mais do que resolver o básico — melhor, mais rápido e mais barato. Eu acredito no oposto: a inovação precisa ser uma plataforma que entrega impacto. Ela deve viver dentro do business, e não isolada; precisa ir além e entregar resultados concretos.

Pesquisas recentes, como o relatório “ROI na Inovação – Benchmark Report 2025” realizado pela Match IT, mostram que mais de 80% das empresas ainda têm dificuldade em medir o impacto real de suas iniciativas. 

Para gerar impacto real a inovação precisa ser estratégica. (Fonte: Getty Images)

Embora 88% contem com equipes dedicadas, apenas 27% possuem uma área centralizada para governança e acompanhamento, e 30% não têm mecanismos estruturados para medir resultados. Ou seja, muito do investimento em inovação ainda não é conectado a resultados claros, e é justamente aí que a execução faz diferença.

A consequência é a queda dos investimentos de grandes empresas em iniciativas de inovação. De acordo com a pesquisa “Observatório da Inovação Tecnológica”, feita pela Fundação Dom Cabral (FDC) com executivos de 178 companhias brasileiras — sendo 80% delas com faturamento anual acima de R$ 1 bilhão —, a verba destinada à P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) passou de 0,65% para 0,60% das receitas líquidas entre 2023 e 2024. 

E fica pior quando comparamos o cenário do Brasil com o dos Estados Unidos, por exemplo: por lá o investimento das grandes empresas em inovação tem, como média, entre 2,5% e 3% da receita líquida das companhias

Portanto, a inovação tem que ser tratada como qualquer outro departamento que faz parte do negócio: com metas claras, KPIs bem definidos e resultados alinhados ao negócio. Não é sobre ter ideias geniais, mas sobre medir, comprovar e ajustar. Faça um teste e se pergunte: isso impacta o resultado da empresa? Se a resposta for “não sei” ou “talvez um dia”… pare. Corte. Redirecione. 

Resolva problemas que importam, conecte inovação aos objetivos reais da empresa e meça impacto com métricas concretas. Porque, no fim, o ciclo gerado pelo modismo acabou, e que bom.



Fonte ==> TecMundo

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