O mundo precisa desesperadamente de alfabetismo científico. Basta lembrar que, em 2020, Donald Trump, em sua primeira passagem pela Casa Branca, sugeriu que cientistas investigassem se injetar desinfetantes no corpo de pacientes não seria a solução para a pandemia de Covid.
Tudo bem que Trump é um cara fora da curva e só estava pensando alto. Mas respeitados membros da comunidade médica insistiram no uso de cloroquina contra a moléstia mesmo quando já havia muitos ensaios clínicos mostrando que essa droga antimalárica não era efetiva contra o Sars-CoV-2.
Mesmo hoje, cinco anos depois de uma pandemia da qual o mundo foi resgatado por vacinas, parte das populações de países ricos e instruídos recusa imunizantes, provocando a ressurgência de doenças que haviam se tornado raras nesses lugares.
Contra a estupidez lutam os próprios deuses em vão, afirmou Schiller. Mas daí não decorre que devamos desistir. É aí que entram divulgadores de ciência como Joe Schwarcz, que acaba de ter uma de suas obras, “O Surpreendente Mundo da Ciência”, lançada no Brasil.
Schwarcz é um clássico da divulgação científica. Isso significa que ela pega casos curiosos, identifica neles uma questão científica e a esclarece, quase sempre ampliando ainda mais a discussão. A ideia é usar boas e bem contadas histórias para despertar no público o interesse pela ciência. Quanto mais cientificamente alfabetizada for a população, menos espaço haverá para pseudociências, charlatanismos e cloroquinismos.
E, se há algo que Schwarcz sabe fazer, é transformar sua área de especialidade, que é a química, em histórias interessantes. Ao fazê-lo ele trata de questões primordiais para a vida das pessoas, como a alimentação, e do planeta, como poluição e mudança climática.
De forma menos vital, mas igualmente interessante, ele desvenda até a química do cheiro de livros, tanto os velhos como os novos. E informa usuários de Kindle saudosistas que já existem perfumes e velas com os aromas de que eles tanto sentem falta.
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Fonte ==> Folha SP