18 de abril de 2025

Ocupação Vito Giannotti, no Rio, assina contrato do Minha Casa Minha Vida para reformas estruturais

Cerca de 30 famílias da ocupação Vito Giannotti, no bairro Santo Cristo, zona portuária do Rio de Janeiro, estão em festa com a assinatura do contrato para reforma do prédio pelo programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) – Entidades. 

O contrato de financiamento por meio da Caixa Econômica Federal foi celebrado na última segunda-feira (24) com a presença de moradores e movimentos sociais populares que integram a ocupação desde o início. Uma das principais características desta modalidade do MCMV é o protagonismo das famílias durante todo processo de implementação da política pública.

Estão previstos cerca de R$ 4,5 milhões para as obras de requalificação do imóvel, o que inclui toda hidráulica, elétrica, pisos, instalação de elevador, auditório, espaços de convivência e alojamentos. Nesta primeira etapa, serão realizadas oficinas quinzenais de trabalho técnico social para discutir o projeto e a reforma. 

Na modalidade Entidades do MCMV, o subsídio é realizado por meio de entidades privadas sem fins lucrativos, em parceria com cooperativas, associações comunitárias, movimentos e organizações ligadas à luta por moradia. O programa de habitação havia sido extinto no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas foi retomado e ampliado com o presidente Lula (PT).

Há dez anos, o prédio abandonado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no Rio abriga famílias em situação de vulnerabilidade social. Em uma importante vitória da luta por moradia, em 2024, a Justiça do Rio extinguiu o processo de reintegração de posse e destinou o imóvel a programas de habitação de interesse social.

Para a advogada Maira de Souza Moreira, a recente conquista representa um marco no direito à moradia e na luta pelo cumprimento da função social da propriedade urbana. Moreira pontua que a vitória das famílias hoje é resultado da articulação desde o primeiro ano.

“Quando conquistamos a suspensão da liminar de reintegração de posse no ano de 2016, no âmbito do TRF-2 [Tribunal Regional Federal da 2ª Região], abriu-se a possibilidade dos movimentos sociais seguirem lutando pela realização da política pública e consolidação da moradia das famílias ocupantes. O caso será paradigma para muitas outras experiências populares de luta pela moradia nas cidades brasileiras”, afirmou à reportagem.

Ocupação Vito Giannotti 

A ocupação é construída desde o início pela Central dos Movimentos Populares (CMP), o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e a União Nacional de Moradia Popular (UMP), que também se articula com outros movimentos e organizações parceiras, como o Ministério Público, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Levante Popular da Juventude, universidades e parlamentares.

Ao Brasil de Fato, Marcelo Edmundo, coordenador nacional da CMP e morador da Vito Giannotti, recordou o longo período de insegurança e ameaças de despejo. Ele anseia o momento de dar início às obras e entregar as chaves para as famílias.

“Ainda temos muito o que fazer para começar e concluir as obras, um dos nossos grandes esforços será atuar tanto na prefeitura [do Rio] quanto na Caixa para reduzir os prazos burocráticos. Esperamos começar a obra de fato na metade de 2026”, antecipa Edmundo. 

“É realmente um momento de festa, de alegria. Tudo é construído de uma forma conjunta, e todos são importantes. O que eu acho mais legal dessa história é que a ocupação hoje é um exemplo, uma referência para outros processos semelhantes. Nesse sentido a gente percebe que a luta não é só nossa, mas é de todos”, finaliza.

O nome da ocupação é uma homenagem ao ativista sindical e comunicador popular Vito Giannotti, criador do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC). O jornalista foi um dos fundadores do Brasil de Fato, cujo conselho editorial ele integrou até sua morte em julho de 2015.



Fonte ==> Brasil de Fato

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