Está marcado entre os dias 20 e 27 de outubro, no Vaticano, o primeiro encontro do Papa Leão 14 com movimentos populares do mundo todo, incluindo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

A informação confirmada ao Brasil de Fato está sendo vista como a prova da continuidade do legado do antigo pontífice, o Papa Francisco, elogiado por diversas frentes pelo diálogo amplo que realizou com entidades sociais ao longo de seu mandato.

“É uma construção que teve o primeiro encontro em 2014, quando o Papa Francisco convocou os movimentos populares para o diálogo”, explica Rodrigo Suñe, membro da Articulação Internacional dos Povos (AIP), que estará presente no encontro.

O Papa Leão 14, nascido nos Estados Unidos, mas naturalizado peruano, chegou ao Vaticano em maio deste ano, após 12 anos do papado de Francisco, falecido logo após a páscoa.

Ano passado, no Vaticano, o MST e outras entidades estiveram na casa do pontífice celebrando o aniversário de dez anos do Encontro Mundial dos Movimentos Populares com o Papa Francisco, ocorrido em 2014, um momento histórico na Igreja Católica.

Na ocasião, Francisco abençoou a bandeira do movimento sem-terra, após um pedido da liderança do MST, João Pedro Stedile, presente na cerimônia.

Em sua fala de agradecimento, Stedile citou o bispo Pedro Casaldáliga, que teve atuação de destaque na defesa dos direitos humanos, em especial das populações marginalizadas. “Malditas sejam todas as cercas. Malditas todas as propriedades privadas que nos privam de viver e de amar”, discursou Stedile.

Expectativas

Rodrigo Suñe lembra que “após a morte de Francisco, os interlocutores do Vaticano, que trabalharam com Francisco e agora seguem com o Papa Leão 14, sinalizaram a disposição do novo Papa em seguir construindo”.

“Uma das últimas ações do Papa Francisco foi incorporar no calendário oficial do ano Jubileu, o Jubileu dos movimentos populares, isso abriu caminho para realizarmos, pela quinta vez, um encontro presencial, entre os movimentos e, como parte da programação, uma audiência com o Papa Leão 14.”

Sobre as expectativas com o encontro, Suñe destaca alguns pontos que esperam ser tratados com o pontífice.

“Além de aprofundarmos o debate sobre o eixo fundamental dessa articulação, Terra, Teto e Trabalho, pretendemos debater também alguns temas candentes do contexto geopolítico atual, como a temática das guerras e a importância da bandeira da Paz, a crise do modelo de representação política, a crise imigratória como consequência do capitalismo e também a crise ambiental, buscando construir sínteses de coletivas, desde uma perspectiva popular.”

Ainda não há uma lista de presença confirmadas, nem dos movimentos, mas estão convocadas articulações de todos os continentes.