No meio de tantas “verdades absolutas” e lendas urbanas, é fácil se perder e mais fácil ainda cair em furada. Mas calma: estamos aqui para refletir e descomplicar Ah, o sexo… Essa atividade humana, normal e imprescindível que atravessa os milênios sempre presente e impactando impérios, religiões e conversas de bar. Já foi motivo de vergonha, depois virou símbolo de libertação, depois tabu de novo e uma hora e outra vira série da Netflix, workshop online, dancinha no TikTok. Se no passado o assunto era trancado a sete chaves, hoje é discutido com emojis, memes e threads do Instagram e X cheias de disclaimer.
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É um tema tão universal que só perde para fofoca de celebridade e preço da gasolina em termos de popularidade. Sexo une povos, separa casais, reaproxima ex, testa a lombar e faz mais gente procurar no Google do que dor de cabeça. É pauta em mesa de bar, em grupo de WhatsApp (com aquele amigo que sempre compartilhando uma imagem ou link meio duvidoso) e também nos consultórios, embora ali o tom seja mais “então, doutor(a), sabe o que é? Eu tenho uma amiga…”
A verdade é que sexo rende mais conversa que reunião de condomínio e com muito mais gemido (em todos os sentidos). E no meio desse Kama Sutra de informações e desinformações, o que não falta é gente perdida tentando entender o que é realmente perigoso ou o que é só mito, e o que é, honestamente, só má execução combinada com falta de alongamento e um certo excesso de otimismo.
Tem gente que acha que sexo oral cura gripe, que vibrador vicia, que posição de ponta-cabeça aumenta a chance de gravidez, e que “se for com amor, não pega doença”. Tudo isso enquanto repassam “dicas quentes” de revistas que parecem escritas por alguém que nunca viu uma genitália de perto, com títulos como “10 truques para enlouquecer seu parceiro usando apenas uma colher de pau, um cotonete e chocolate derretido”.
Então vamos lá: aperte os cintos (ou solte-os, se for o caso), prepare o coração e o quadril, porque hoje a conversa é sobre esse tema que, convenhamos, interessa a quase todo mundo. Afinal, quem nunca se perguntou se aquela prática nova é mesmo segura? Se aquele conselho estranho tem fundamento? Se usar chantilly no corpo é afrodisíaco ou só um jeito rápido de atrair formiga?
Spooler: Não use em brincadeiras eróticas ao ar livre.
No meio de tantas “verdades absolutas” e lendas urbanas, é fácil se perder e mais fácil ainda cair em furada. Mas calma: estamos aqui para refletir e descomplicar. E, se der tempo, desmistificar o uso de velas aromáticas em lugares que definitivamente não foram feitos para deixar cair cera quente.
Então? Vamos lá? Embarcar é opcional, mas eu aconselho fortemente.
1. “Engolir esperma faz bem para a pele” MITO, com toques de ficção científica.
Quem nunca ouviu essa pérola lançada com tom de quem descobriu o segredo da juventude eterna? A ideia de que sêmen faz bem pra pele circula por aí há décadas, sempre com uma aura de “me disseram que funciona”. De fato, o sêmen tem proteína, zinco, enzimas e até ácido cítrico. Mas não, não é um cosmético e nem solução mágica para as rugas ou acne. Pra fazer qualquer efeito real, você teria que passar litros no rosto diariamente e, honestamente, ninguém tem tempo (ou parceiro) pra tanto.
Além disso, existe o detalhe das ISTs. Engolir sêmen de uma pessoa contaminada pode te render bem mais do que uma pele oleosa: herpes, gonorreia, clamídia e até HIV. Ou seja: melhor manter a hidratação com água e o skincare com produto de farmácia mesmo.
2. Sexo anal é sempre perigoso… MITO (com uma leve dose de preconceito)
Existe um pânico generalizado em torno do sexo anal, fruto de desinformação, moralismo e vídeos pornôs escancarados demais. Sim, essa prática pode ser desconfortável ou até causar lesões se for feita sem os devidos cuidados e aqui no blog tenho várias matérias visando esclarecer muito bem e até indicar formas de dar conforto e segurança, se interessar, maratone o conteúdo e não se arrependerá e vamos combinar que a palavra perigo vale pra quase tudo na vida (alguém aí já tentou abrir uma lata usando uma faca afiada? ).
Sexo anal feito com respeito, lubrificação abundante, calma e proteção é tão seguro quanto qualquer outra prática. Só não dá pra esquecer: o ânus não se lubrifica sozinho, então o lubrificante entra como protagonista da cena. E a camisinha também, já que o risco de transmissão de HIV é mais alto devido à mucosa fina do reto.
E não, a prática não “alarga” o ânus permanentemente — a musculatura se adapta e volta ao normal, especialmente se for praticado com moderação, dando alguns dias de descanso o que ajudará o corpo a recuperar algumas microfissuras que podem ocorrer, principalmente se a lubrificação for deficitária.
3. Sexo oral é seguro? — MITO SINCERO
Muita gente acha que sexo oral é o primo inocente da família sexual. Só que a realidade é que ele pode ser tão ou mais arriscado quanto o sexo com penetração. O contato direto entre boca e genitália (ou ânus) é uma via livre para ISTs como sífilis, HPV, gonorreia, herpes e clamídia.
A maioria dessas doenças pode ser transmitida mesmo sem ejaculação, e mesmo sem feridas visíveis. Preservativo (ou protetor bucal) é o herói anônimo da história. Nunca viu? Visite-me (https://www.amazon.com.br/shop/reginaraccotv). Ninguém gosta muito da textura no começo, mas o que se perde em “sensação” se ganha em saúde e tranquilidade. Sem contar que algumas camisinhas hoje em dia têm gosto de tutti-frutti, menta, chocolate, bacon… quer dizer, essa última eu inventei. Mas não duvido que exista ou que venha a existir…
4. BDSM é perigoso e coisa de gente problemática — MITO com muito preconceito embutido
Primeiro, vamos quebrar o maior tabu: quem pratica BDSM geralmente é mais consciente dos limites do que muita gente que se diz “convencional” na cama. Antes do tapa, tem diálogo. Antes da algema, tem acordo. Antes da vela quente, tem palavra de segurança e quem pratica jamais vai deixar cair cera quente em locais inapropriados. E não, as pessoas não ficam presas em porões escuros esperando serem libertadas por bombeiros.
Claro, como toda prática mais intensa, exige preparo, responsabilidade e muito consentimento. Prender alguém com cinto de cortina ou usar cabo de celular como chicote não transforma ninguém em dominador só em candidato a processo.
5. Vibrador vicia? — MITO com pitadas de drama
Não, vibrador não vicia ninguém. Nem física, nem emocionalmente. Usar brinquedos sexuais é uma forma saudável e até terapêutica de explorar o corpo. A única “dependência” que pode surgir é aquela de querer orgasmos mais eficientes e rápidos. Honestamente? Tem gente que se torna dependente de ar-condicionado, café ou série ruim no streaming, e ninguém fala nada. Cuidados reais: higiene, uso de materiais seguros (silicone, por exemplo) e não compartilhar brinquedos sem proteção. Ah, e sempre tirar a pilha ou carregar o bichinho, porque não tem nada mais triste do que falhar na hora H por bateria fraca e você entende bem o que estou falando, no mundo dos brinquedos adultos é igual.
6. Coito interrompido funciona como método anticoncepcional — MITO QUE JÁ CAUSOU MUITA PENSÃO
O famoso “tirar na hora” é o método preferido de quem tem mais fé do que conhecimento em biologia. O líquido pré-ejaculatório pode conter espermatozoides, e a ejaculação às vezes acontece com um pequeno atraso na retirada. Resultado? Uma gravidez surpresa que chega antes mesmo do nome do bebê ser discutido.
Se a ideia é evitar filhos, melhor confiar em métodos contraceptivos de verdade: camisinha, pílula, DIU, anel, implante… ou simplesmente conversar seriamente sobre o assunto com seu/sua parceiro(a).
7. “Sexo faz bem pra saúde” — VERDADE, com moderação e alongamento
Fazer sexo com regularidade pode melhorar o humor, reduzir o estresse, aumentar a imunidade, ajudar no sono e até aliviar dor de cabeça. Além disso, fortalece laços afetivos e garante aquela dose de autoestima que nenhum “like” na rede social entrega.
Mas também não é academia. Não precisa fazer todo dia, em todas as posições do Kama Sutra em menos de uma hora mas se quiser posturas especiais me pergunte sobre meu livro Pirulito e Outras Delícias, adoro falar sobre ele… E sabendo bem como praticar, o sexo trará prazer e conexão, não hérnia de disco.
8. Camisinha reduz o prazer. MITO com gosto de desculpa esfarrapada
Essa é a desculpa universal da preguiça e da desinformação. Com a variedade atual de camisinhas — ultrafinas, com textura, sabores, sem látex, com lubrificante extra — é mais fácil você encontrar uma que te agrade do que encontrar alguém com a carteirinha de vacinação sexual em dia.
Se o incômodo é real, vale experimentar diferentes marcas e modelos. E lembre-se: prazer mesmo é poder transar com tranquilidade e não com o Google aberto tentando entender se aquilo no seu corpo é “alergia” ou “sífilis estágio 1”.
Enfim: Sexo bom é sexo com consentimento, informação e uma boa dose de bom humor.
Se tem uma coisa que atravessa os séculos, muda com as culturas e se reinventa a cada geração, é o jeito como falamos (e fazemos) sexo. Mas uma coisa nunca muda: quanto mais a gente se informa, mais prazerosa e segura a experiência fica. E se for com leveza e bom humor então… É uma delícia!
E não tem problema em errar, em parar no meio do caminho, em tentar de novo, desde que com respeito, cuidado, proteção e diálogo. E, por favor, sem usar a escova elétrica da mãe como brinquedo erótico e para garantir que isso não acontecerá, vai aí novamente aquele link repleto de brinquedos, os mais diversos mas principalmente, os mais seguros.
Vídeo sugerido:
Fonte ==> Folha SP e Globo
