20 de abril de 2025

Para manter bancada no Congresso, PT aprova reeleição em reunião tensa – Política – CartaCapital

'Cada vez mais vivo e mais forte' – Política – CartaCapital

Sob a condução da presidente do partido, Gleisi Hoffmann, uma reunião tensa da cúpula do PT alterou trechos do regimento interno, permitindo a reeleição de parlamentares e dirigentes partidários que já tenham cumprido três mandatos consecutivos na mesma Casa Legislativa ou instância da sigla.

A contagem de mandatos começou a valer em 2011, após uma mudança no estatuto petista. Contudo, não é a primeira vez que o partido flexibiliza essa regra. No ano passado, uma alteração abriu brecha para que vereadores pudessem disputar a reeleição nas eleições municipais.

Segundo interlocutores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria dado sinal verde para a alteração no regimento. O argumento é que impedir a reeleição de mais de 30 parlamentares poderia enfraquecer a bancada petista no Congresso a partir de 2027, o que prejudicaria a governabilidade em uma eventual reeleição.

“Não se faz renovação com medidas burocráticas. O PT não pode abrir mão de seus quadros mais experientes. Imagine perdermos cerca de 30 deputados, lideranças nos seus estados, por um detalhe burocrático”, defendeu Washington Quaquá, prefeito de Maricá (RJ) e vice-presidente do PT.

Segundo relatos, os ânimos se exaltaram antes mesmo do início das discussões. Um dos principais pontos de conflito ocorreu em torno do quórum necessário para a votação, realizada de forma híbrida: Valter Pomar, dirigente histórico ligado à Articulação de Esquerda, defendeu a necessidade de dois terços do Diretório, mas foi rebatido pelo deputado federal Jilmar Tatto (SP), que considerou desnecessária a maioria qualificada.

Antes do encontro, Pomar já havia criticado a proposta em seu blog, questionando a possibilidade de “vitaliciedade” para dirigentes partidários. “Qual seria a lógica de eternizar cargos? Teremos eternos presidentes, eternos secretários-gerais, eternos tesoureiros?”, escreveu.

Ao final, contudo, a proposta foi aprovada por 60 votos, com 27 contrários, incluindo os deputados federais Zeca Dirceu (PR) e Reginaldo Lopes (MG), e cinco abstenções.

Parte dos integrantes contrários às mudanças cogita levar o tema à Justiça. Para eles, o tema sequer foi discutido previamente de forma transparente. “Inserir isso em uma reunião destinada ao PED [Processo de Eleição Direta] foi no mínimo estranho. Alguns colegas acreditam que a intenção era simplesmente prolongar os mandatos dos atuais dirigentes. Se foi esse o caso, fomos usados”, afirmou um cacique petista, sob reserva.

Jilmar Tatto, por sua vez, minimizou as críticas e negou ter discutido com Pomar. “Quem reclama é choradeira de perdedor”, disse à reportagem. Pomar foi procurado, mas não comentou.

Nos bastidores, a mudança tem sido ironicamente chamada de “Emenda Gleide Andrade”, em referência à tesoureira do partido, que poderá concorrer à reeleição com a nova regra. O texto também permitiria que Gleisi Hoffmann buscasse um novo mandato à frente do PT, embora seus aliados descartem essa possibilidade.

Procurada pela reportagem, Gleisi ainda não se manifestou. Já o deputado federal Airton Cirilo (PT-CE) destacou que a decisão valoriza os quadros experientes para enfrentar a ascensão da extrema-direita.

Manutenção da eleição direta para presidência

Outro tema votado na reunião foi a manutenção da eleição direta para a escolha do presidente do partido. Uma ala do PT defendia que a escolha fosse feita por um congresso interno, mas a proposta foi derrotada: 61 votaram a favor da eleição direta, enquanto 24 foram contra.

O ex-prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, candidato apoiado por Lula para comandar o partido, e integrantes da corrente Construindo um Novo Brasil, foram alguns dos defensores da decisão. A eleição do novo presidente do PT está marcada para 6 de julho.



Fonte ==> Casa Branca

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