O perfil da ativista sueca Greta Thunberg no Instagram divulgou, na noite deste domingo (08), um vídeo que ela deixou gravado para ser publicado caso fosse detida por Israel. Ela é uma das tripulantes da Flotilha da Liberdade, missão marítima em solidariedade à Faixa de Gaza que foi interceptada por forças israelenses.

“Se você está vendo este vídeo, significa que fomos interceptados e sequestrados em águas internacionais pelas Forças de Ocupação de Israel, ou por forças que atuam em apoio a Israel. Faço um apelo urgente aos meus amigos, familiares e camaradas para que pressionem o governo sueco a agir imediatamente pela nossa libertação. Somos ativistas pacíficos levando ajuda humanitária a Gaza e precisamos ser libertados sem demora”, afirmou Greta.

O perfil do brasileiro Thiago Ávila também divulgou um vídeo em que ele anuncia o sequestro. “Sou cidadão brasileiro, integrante da Coalizão Flotilha da Liberdade, e se você está assistindo a este vídeo, significa que fui detido ou sequestrado por Israel ou por outra força cúmplice no Mediterrâneo, enquanto seguíamos rumo a Gaza para romper o cerco. Nesse caso, peço que pressionem o meu governo e os governos dos meus companheiros para que sejamos libertados da prisão e para que rompam relações com Israel, ponham fim ao genocídio e acabem com o cerco imposto ao povo palestino por Israel. Contamos com vocês agora.”

Uma hora depois, Lara D’avila, companheira de Thiago, também divulgou um vídeo nas redes sociais, pedindo ajuda do governo brasileiro. “Há alguns minutos recebemos uma mensagem dizendo que eles foram interceptados e atacados pelo exército israelense. Agora nós precisamos da ajuda de vocês, cobrem todos os parlamentares que conhecem e o Itamaraty, para que tragam o Thiago de volta.”

Interceptação

De acordo com os relatos, drones equipados com sistema de disparo automático cercaram o barco, borrifando-o com uma substância branca semelhante a tinta. As comunicações foram interrompidas à força, e sons perturbadores passaram a ser emitidos via rádio para desorientar a tripulação. “Eles estão interferindo no rádio, não podemos pedir ajuda”, denunciou Thiago Ávila, ativista brasileiro presente na missão.

Na véspera do ataque, a Agência de Radiodifusão de Israel (RAA) já havia anunciado publicamente a intenção do exército israelense de capturar o Madleen, transferi-lo ao porto de Ashdod e prender os ativistas a bordo. A operação confirma a política de repressão do Estado de Israel contra iniciativas de solidariedade internacional com o povo palestino.

A embarcação transportava suprimentos essenciais, como alimentos, filtros de água, medicamentos e barras de proteína, em meio a uma catástrofe humanitária sem precedentes em Gaza. Segundo o Ministério da Saúde local, mais de 54 mil palestinos já foram mortos pelos bombardeios israelenses desde o início da atual ofensiva.

A Coalizão da Flotilha da Liberdade é formada por organizações civis e movimentos sociais de diversos países e atua de forma não violenta contra o bloqueio imposto por Israel a Gaza, considerado ilegal por tratados internacionais e condenado por diversas resoluções da ONU. A ativista Greta Thunberg, a parlamentar palestino-francesa Rima Hassan, o brasileiro Thiago Ávila, entre outras pessoas fazem parte da tripulação da embarcação.