Uma pesquisa AtlasIntel em parceria com a Bloomberg aponta um cenário negativo para o presidente da Argentina, Javier Milei. Os números são estáveis frente à rodada anterior, de fevereiro, mas a variação é desfavorável ao ultraliberal.

A rejeição a Milei é de 48,9%, meio ponto superior à do mês passado, enquanto a aprovação é de 46,5%, uma queda de 0,4 ponto. A avaliação do governo, que havia melhorado em fevereiro, voltou a piorar: as impressões negativas subiram 3,8 pontos e chegaram a 47,9%; as positivas permaneceram em 44%.

O levantamento também reforça o impacto do escândalo da criptomoeda $Libra, promovida por Milei e que colapsou em apenas duas horas, provocando perdas bilionárias. A corrupção chegou ao topo da lista de principais preocupações dos argentinos (44,5%), à frente da inflação (42%) e do desemprego (31,4%).

Também ganhou força a percepção sobre o enfraquecimento da democracia e das instituições, que subiu 5,8 pontos e atingiu 27,4%.

Mesmo com o brutal ajuste fiscal lançado por Milei, 91% dos argentinos consideram que sua renda não acompanha o aumento dos preços. Além disso, 69,3% avaliam que a inflação é uma grande preocupação pessoal e 50,6% culpam a política econômica do governo por esse problema.

A maior fatia da população (44%) acredita que as políticas de arrocho fiscal e cortes de subsídios têm piorado a situação econômica e a inflação, ante 14% que as veem positivamente, mas creem que deveriam ter sido executadas de modo mais gradual.

O peronismo por sua vez, tenta aos poucos se recuperar da mais grave crise de sua história recente. A imagem positiva da ex-presidenta Cristina Kirchner, principal expoente do campo neste século, tem subido nos últimos meses: era de 28% em janeiro, saltou para 36% em fevereiro e atingiu 41% em março. No período, a negativa desceu de 62% para 55% e, agora, para 54%.

Cristina, contudo, tem uma situação jurídica delicada. Na última segunda-feira 31, recorreu à Suprema Corte para anular a sentença de seis anos de prisão imposta a ela por dois tribunais. Se o tribunal rejeitar o recurso, a condenação se tornará definitiva. Nesse caso, a ex-presidenta, de 72 anos, poderia solicitar prisão domiciliar devido à sua idade.

Já Axel Kicillof, governador da província de Buenos Aires e figura promissora do peronismo, tinha 31% de imagem positiva em janeiro, manteve o índice em fevereiro e chegou a 34% no mês passado. Suas impressões negativas, porém, saíram de 60% em janeiro para 58% em fevereiro, mas retornaram a 60% em março.

A AtlasIntel entrevistou pela internet, via Recrutamento Digital Aleatório, 1.883 adultos da Argentina entre 20 e 24 de março. A margem de erro é de dois pontos percentuais.