O poder de Donald Trump voltou aos holofotes da mídia mundial com a guerra comercial iniciada contra a China. Presidentes de diversos países articulam reuniões com a Casa Branca ou montam suas próprias estratégias. Mas o que comem os líderes? Seus hábitos vão encarecer? Haverá um sentimento anti-EUA nas franquias internacionais de alimentação? Produtos nacionais serão valorizados?
Trump geralmente pula o café da manhã, mas, quando o faz, prefere café preto, ovos e bacon. No almoço, carne bem passada com ketchup; no jantar, fast food, com preferência por hambúrgueres do McDonald’s, frango frito da rede KFC ou pizza — sempre acompanhados de Coca-Cola Light (ele chega a consumir até doze latas por dia, segundo o The New York Times).
Grande produtor agrícola ao lado dos Estados Unidos, o Brasil acompanha de perto a guerra comercial e pode até se beneficiar dela. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é fã de pratos tipicamente brasileiros, como buchada de bode, rabada (com pouca gordura) e feijoada — de preferência, preparados por Maria de Jesus Oliveira da Costa, a Tia Zélia, dona do restaurante homônimo em Brasília, não muito distante do Palácio do Planalto. Foi uma buchada recomendada por um assessor, em 2008, que levou Lula a conhecer a comida da cozinheira. Ele passou a pedir marmitas. Descobriu a vaca atolada, o feijão tropeiro e a musse de tamarindo. Viraram amigos — e ele, cliente fiel.
Do outro lado do Atlântico, muitos franceses torciam o nariz para os hábitos à mesa do ex-presidente Nicolas Sarkozy, que preferia Coca-Cola a vinho — bebida que sustenta um setor que emprega mais de 500 mil franceses, movimenta mais de 10 bilhões de euros em exportações e envolve empresas poderosas, como a LVMH (Louis Vuitton Moët Hennessy). Sarkozy foi sucedido por um amante do mundo de Baco: Emmanuel Macron, que gosta de harmonizar vinho e comida. Prefere tintos de Bordeaux com carnes e brancos da Borgonha com frutos do mar. O impacto da guerra comercial sobre os vinhos franceses ainda é incerto.
Do outro lado do Canal da Mancha, o rei Charles é grande apreciador das borbulhas de Champagne. A tradição entre Inglaterra e França prevê a troca de presentes em mudanças de liderança. Quando Charles III foi entronizado, Macron lhe presenteou, em setembro de 2023, com uma Champagne Salon da safra de 1948, degolada 75 anos após a colheita. O monarca geralmente toma café da manhã e janta, pulando o almoço.
Os hábitos alimentares do presidente chinês, Xi Jinping, são descritos como simples pela imprensa local. A China, maior rival dos EUA na economia e principal adversária na guerra comercial, lançou em 2020 uma campanha contra o desperdício de alimentos. Em imagens oficiais, Xi já apareceu comendo frango assado, ensopado misto, carne de porco frita, vegetais e sopa de abóbora.
O impacto da guerra comercial sobre a mesa dos líderes e dos cidadãos ainda é incerto, mas tudo indica que mudanças estão por vir.
Cerca de 60% das empresas não sobrevivem após cinco anos no Brasil, segundo o IBGE. No setor gastronômico, a taxa é ainda mais alta: sete em cada dez negócios fecham antes de completar cinco anos.
Quem sobrevive por décadas merece atenção especial — ainda mais quando a história vem recheada de mitos.
“Nossa, aquele restaurante? Mas é caro, não? É démodé, né? Não perdeu a mão?”
Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.
Fonte ==> Casa Branca