20 de abril de 2025

Polícias militares exageram na força e sabotam inteligência – 07/04/2025 – Alvaro Costa e Silva

A imagem mostra um confronto em uma estrada. Um homem está segurando uma arma, enquanto outro homem, vestido com uma camiseta vermelha, parece estar em uma posição defensiva. Ao fundo, há uma encosta com vegetação e o céu está claro.

Em março, a Polícia Federal desbaratou uma quadrilha acusada de ter enviado mais de 2.000 fuzis de Miami para comunidades do Rio dominadas pelo Comando Vermelho. Uma ação com resultados práticos e que não disparou um tiro nem trouxe riscos à população que vive em áreas conflagradas. Inteligência, tecnologia e legalidade, três fundamentos que faltam às polícias militares sob comando dos estados.

Se não tivesse deixado de lado a articulação política para investir no brilho marqueteiro, o Planalto poderia usar o exemplo da operação contra o tráfico de armas para ajudar na aprovação da PEC da Segurança. A proposta de Ricardo Lewandowski ainda não foi apresentada e está há nove meses, uma eternidade, sendo discutida e atacada pela oposição. Seu objetivo central é bastante simples: integrar os esforços da União, dos estados e dos municípios (que agora terão guardas armadas) no combate à criminalidade.

Mas, diante de parlamentares hostis e de governadores em campanha presidencial, nada é simples. Parte da Câmara põe os interesses de uma só pessoa —que tentou um golpe para se perpetuar no poder— acima do problema que, ao lado do preço dos alimentos, mais aflige os brasileiros.

Num ritmo devagar, quase parando, o governo se mostra inseguro ao abordar o tema da segurança. E deve se preparar para o chumbo grosso que vem aí. Achando-se presidenciável, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, acusou Lula de patrocinar a transição do Brasil para um Estado narcotraficante. Nem as milícias digitais diriam melhor.

Tarcísio de Freitas, o candidato militar e “moderado” da vez, trabalha em sintonia com o secretário de Segurança que se espelha no presidente de El Salvador, Bukele, o queridinho da extrema direita. O capitão Derrite mira o governo do estado ou o Senado e, como credenciais, apresenta a estatística do horror: o número de pessoas de 10 a 19 anos mortas por PMs de São Paulo subiu 120% entre 2022 e 2024. O aumento da letalidade coincidiu com o discurso sem lógica contra câmeras corporais.



Fonte ==> Folha SP

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