Para acalmar a turba e receoso de novo motim com o objetivo de pressioná-lo a aprovar a anistia a Bolsonaro, o presidente da Câmara, Hugo Motta, resolveu usar a palavra mágica: dinheiro. Determinou que as seis comissões da Casa acelerem a distribuição de emendas.
É mais um movimento acomodatício que explica por que, segundo o Datafolha, a bronca é geral. Legislativo, Executivo e Judiciário estão unidos não só na reprovação como no ar de desdém com que tratam as críticas a seu comportamento.
Apontado como garantidor da democracia, sobretudo no período Bolsonaro, o STF viu sua avaliação cair; as togas, no entanto, estão tinindo, na certeza de que têm a solução para todos os males do país. O governo é reprovado por 40% dos brasileiros, número que aparentemente não espanta Lula, acostumado a conviver com a repulsa de parte da sociedade há pelo menos 50 anos.
O dado mais alarmante revela uma profunda crise de representação política. Para 78% dos entrevistados, deputados e senadores colocam seus interesses à frente dos da população. A Câmara considerou o número humilhante e logo arrumou uma maneira de aumentar sua pontuação. O centrão, essa entidade incorpórea, aliou-se aos bolsonaristas pró-golpe numa ofensiva para ampliar a blindagem de parlamentares, mudando as regras do foro privilegiado.
A cara de pau é tamanha que eles defendem, no pacote de impunidades, uma medida que permita à Câmara a autorização –ou não– da abertura de inquéritos policiais. “Alô Polícia Federal! Vocês estão atrás de mim por causa daquela merreca de emenda? Negócio seguinte: avisa antes quando for bater lá em casa, viu?”
Ao explicar sua participação no motim –espécie de 8/1 engravatado–, Marcos Pollon (PL-MS) disse: “Sou autista”. É uma artimanha de que Eduardo Bolsonaro não pode se valer. Com método, ela rasga a Constituição, sangra financeiramente o país e trabalha contra os interesses nacionais. Deputado no Brasil, está nos EUA cumprindo ordens do seu chefe, Trump. Hugo Motta o resguarda da cassação.
Fonte ==> Folha SP