Prêmio São Paulo de Literatura exige ebook e volta atrás – 28/05/2025 – Walter Porto

A imagem mostra um e-reader Kindle com a tela exibindo o texto de um prólogo. O texto fala sobre magia, mulheres e um diálogo entre personagens, mencionando um copo de vinho e a imaginação sobre grandes mestres. O dispositivo é preto e possui botões na parte inferior.

O Prêmio São Paulo de Literatura, um dos mais prestigiados do país, abriu nesta terça o edital de sua edição deste ano anunciando uma novidade: “além da versão impressa, é obrigatório que o livro inscrito também tenha sido publicado em formato digital”, ou seja, em ebook.

A mudança teria potencial de inviabilizar boa parte das inscrições de editoras independentes, já que, com menos recursos, elas não têm costume de publicar uma versão digital de todos os seus lançamentos.

A inscrição no prêmio cobrava o registro em ISBN do ebook —o número de identificação do livro, como se fosse seu RG—, que é diferente da edição impressa.

A distinção, oferecida pela Secretaria de Cultura, Indústria e Economia Criativas do Estado de São Paulo, é mais que um mero troféu. Além de vitrine e prestígio, confere uma remuneração de R$ 200 mil aos vencedores de suas duas categorias, melhor romance e melhor romance de estreia —é o valor mais vultoso entre os prêmios literários brasileiros.

Vale ressaltar que editoras independentes costumam ser anfitriãs de autores estreantes de qualidade. No ano passado, seis entre os dez finalistas da categoria de novos romancistas provinham desse tipo de casa editorial, caso da Patuá, da Urutau, da Quelônio e da 7Letras.

Após reclamações públicas de editores e do contato da coluna, a secretaria que organiza o prêmio voltou atrás, dizendo ter ouvido “atentamente os anseios do setor” e afirmando que vai republicar o edital nos próximos dias, sem a exigência de que os livros tenham formato digital.

O órgão diz ainda que vai ampliar o prazo das inscrições, antes marcado para 15 de julho. “A medida reforça o compromisso da secretaria com o diálogo e com a valorização da produção literária paulista”, finaliza o comunicado.

A notícia vem no mesmo dia em que Pesquisa Produção e Vendas do mercado editorial, a mais abrangente do setor, apontou um crescimento de 16% no faturamento de livros digitais de 2023 para 2024. Esse formato, contudo, ainda é minoritário no mercado, representando apenas 9% de sua receita.



Fonte ==> Folha SP

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